Faltando cerca de 15 dias para o início do ano letivo, as universidades estaduais do Paraná estão com um déficit de 789 professores. A carência deve obrigar o governo do estado a contratar ou a renovar os contratos com docentes temporários, para evitar que, a exemplo do que aconteceu no ano passado, parte dos quase 60 mil estudantes de graduação dessas instituições sejam prejudicados com o atraso no início das aulas, reposição de disciplinas e até corte de férias.
No ano passado, por causa da demora do governo em realizar testes seletivos para a contratação de professores (o que só aconteceu em abril), muitos alunos ficaram sem freqüentar algumas disciplinas. Para recuperar o tempo perdido, aulas foram marcadas para períodos de contra-turno quem estudava pela manhã passou a ter aulas à tarde ou à noite e aos sábados.
Esse ano, a situação mais crítica é a da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que apresenta um déficit de 208 professores. Para evitar transtornos, em novembro do ano passado, a UEPG já havia solicitado ao estado a renovação dos contratos de 133 professores colaboradores e a contratação de outros 75. "A preocupação é de que a falta de professores possa, mais uma vez, atrasar o calendário e gerar uma série de problemas", afirma a pró-reitora de Graduação, Cândida Leonor Miranda.
Para o reitor da UEPG, Paulo Roberto Godoy, as dificuldades não vão deixar de existir em 2005. Porém, se for autorizada a renovação e o teste seletivo acontecer, ele diz que os problemas serão menores do que os registrados no ano passado. "A expectativa é bastante positiva quanto à renovação dos contratos dos colaboradores", comenta.
Na Universidade de Ponta Grossa, o curso de Jornalismo enfrenta uma das situações mais delicadas. Alunos do 3.º ano, que não tiveram férias em julho de 2004, terminaram algumas disciplinas apenas na primeira semana de fevereiro e ainda terão que cursar língua portuguesa até junho. Agora, eles podem ter mais problemas se a contratação de professores não for acelerada.
Segundo a presidente do Sindicato dos Docentes da UEPG, Rosangela Petuba, a mesma história se repete praticamente todos os anos e o reflexo é a queda na qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão. "A política de desmonte do ensino público impossibilita a universidade de expandir. É preciso esperar que a situação do ano anterior não se repita no seguinte", lamenta.
A intenção da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), responsável pelas universidades estaduais, é finalizar o processo de contratação e renovação dos contratos com professores colaboradores antes do início do ano letivo. Entretanto, ainda não há nenhuma definição quanto ao número de docentes que cada instituição será autorizada a contratar. "As necessidades das instituições deverão ser atendidas de acordo com o entendimento da secretaria", diz o coordenador do Ensino Superior da Seti, Tarcísio Pires Trindade.
Sobre a realização de concursos públicos para a abertura de vagas para professores efetivos também não há informações de quando eles serão realizados e até mesmo quantas vagas devem ser abertas. "O ideal é aumentar o quadro de efetivos, mas nesse primeiro momento a solução é a renovação e a contratação dos temporários", finaliza o coordenador.