Se as universidade brasileiras têm dado cada vez mais espaço a pesquisas pouco convencionais, a situação parece ter ido ainda mais longe nos Estados Unidos.
Um levantamento da Young America’s Foundation, uma organização estudantil de perfil conservador, selecionou as disciplinas mais curiosas oferecidas por grandes universidades americanas em 2017.
O compilado analisou os cursos de mais 50 instituições de ensino. Apesar do inevitável aspecto humorístico, a iniciativa tem um objetivo sério: chamar atenção para a profusão de cursos ideologicamente engajados e de relevância questionável em áreas como feminismo e ideologia de gênero. A lista é publicada desde 1995.
“As universidades de hoje criam centros de ‘diversidade e inclusão’ e publicam alegremente estatísticas sobre a diversidade de raça, gênero e orientação sexual de seus professores enquanto continuam totalmente homogêneas quando o assunto é a diversidade de ideias”, afirma o relatório.
A Gazeta do Povo preparou uma lista com 15 disciplinas citadas no relatório.
1) Vampiros: a Evolução de um Monstro Sexy
A disciplina pretende responder algumas perguntas, como “o que é um vampiro?”, “de onde eles vêm?” ou ainda “como se livrar deles?”. A ideia é explorar a origem do mito no folclore eslavo e então acompanhar a propagação das histórias por toda a Europa, partindo da literatura e chegando ao cinema.
“Aprenderemos sobre lendas, rituais e crenças religiosas populares associadas ao fenômeno dos vampiros e como eles foram interpretados ao longo dos séculos por vários povos”, justifica a Universidade do Kentucky.
2) Zumbis: Mitos Modernos, Raça e Capitalismo
Segundo a Universidade DePaul a ideia é examinar o desenvolvimento do “mito zumbi” como um reflexo das pareocupações da sociedade norte-americana.
“Conforme a mitologia zumbi se desenvolveu nos Estados Unidos, ela foi adaptada para abordar questões tão variadas como gênero e capitalismo. A mitologia tornou-se tão proeminente que os filósofos Gilles Deleuze e Felix Guattari afirmaram que o zumbi era o único mito do século XX”.
3) Tricô Contemporâneo: Gênero, Artesanato e Serviço Comunitário
Também oferecida pela Universidade DePaul, a disciplina pretende “explorar o histórico de gênero do tricô e sua popularidade contemporânea, tanto como uma atividade criativa de lazer como um meio de fornecer serviço comunitário”.
A base teórica do curso é “a história e a construção social de uma divisão de trabalho de gênero em torno do tricô”. Os alunos aprendem técnicas básicas de tricô e são incentivados a praticar as novas habilidades dentro e fora da sala de aula.
4) Raça, Gênero, Sexualidade e a Cultura dos Estados Unidos nos Vídeo Games
Jogos de vídeo são uma das formas culturais mais difundidas, lucrativas e influentes nos EUA. Porém, “o aumento do domínio cultural ocorre ao mesmo tempo em que mudam as noções de raça e gênero nos EUA, como o multiculturalismo liberal, o movimento feminista e uma população multiracial crescente”.
De acordo com a Universidade do Michigan, as aulas “evitarão classificar os jogos como tendo efeitos sociais positivos ou negativos” e examinarão “história, teoria e prática de videogames nos EUA, com especial atenção aos estereótipos raciais, dados demográficos dos usuários, além de conflitos raciais no mundo compartilhado e nos jogos sociais”.
5) Feminismo Hip Hop
A Universidade de Illinois se propõe a explorar como “o hip hop moldou a cultura, a estética, as experiências e as perspectivas de uma geração emergente de artistas, estudiosos e escritores”.
Para compreender a relação entre hip hop e feminismo, os alunos “se familiarizarão com os artistas que trabalham dentro de vários elementos do hip hop”.
6) Homossexualidade na Literatura e no Cinema do Sul da Ásia
A Universidade de Iowa pretende compreender como “as representações culturais construíram gêneros ou sexualidades normativas ou desviantes em relação à classe, casta e nacionalidade” no sul da asiático, mais especificamente na Índia.
As aulas são compostas por tópicos como “Debates e conflitos em torno de gênero ou variação sexual nas esferas culturais do sul da Ásia”; “sexualidade na Índia pré-colonial” e, mais além, “foco no período pós-colonial quando a regulação do gênero / sexualidade desviante se vinculou à administração colonial e identidade nacional emergente”.
7) “Homossexualizando” Deus: Teologia Feminista e Homossexual
O curso oferecido pela Swarthmore College examina “os escritos feministas sobre Deus, explora tensões entre a teologia feminista e busca expandir os limites do gênero - e do sexo - divino”.
Os principais temas incluem questões sobre gênero; encarnação; masculinidade; libertação e sexualidade.
8) “Homossexualizando” a Bíblia
Também ofertado pela Swarthmore College, o curso propõe um olhar “trans” na leitura de textos bíblicos. “Apresentamos a complexidade das construções de sexo, gênero e identidade em uma das obras literárias mais influentes produzidas na antiguidade”, diz a instituição.
“Este curso desestabiliza suposições de longo prazo sobre o que a bíblia - e a religião - diz sobre gênero e sexualidade”, conclui.
Desculpe, Mr. Catra: o paÃs deveria repensar o financiamento de pesquisas pouco relevantes https://t.co/3VfG6o4RI8 pic.twitter.com/m26hEhQvDw
â Ideias (@ideias_gp) June 29, 2017
9) Ecofeminismo(s)
Outra disciplina oferecida pela Swarthmore College, as aulas de “Ecofeminismo” oferecem uma introdução aos “temas centrais e histórias de teoricas ecofeministas”
“Estudaremos os feminismos ecológicos a partir de perspectivas globais e examinaremos como esses discursos e movimentos transdisciplinares desenvolvem críticas sociais e culturais aos sistemas de dominação”, diz a universidade, que promete abordar tópicos como direitos humanos, justiça ambiental e climática, alimentação e agricultura.
Tudo, obviamente, com uma perspectiva “ecofeminista”.
10) Além da Intersectionaidade: Desenvolvendo Feminismos Anti-Racistas e Anti-Capitalistas
A Middlebury College relembra que há quase três décadas Kimberlé Crenshaw publicou a teoria da "interseccionalidade", onde argumentava que “racismo e sexismo colidem para tornar a marginalização das mulheres negras distinta da das mulheres brancas e dos homens negros”.
A instituição alega que hoje “os termos "interseccionalidade" e "feminismo interseccional" são onipresentes, utilizados por estudiosos, ativistas, artistas e nossos alunos”, por isso a necessidade da disciplina.
11) Homossexualizando a Comida: Raça, Lugar e Justiça Social
Outro curso da Middlebury College, as aulas pretendem examinar “estudos, políticas e movimentos alimentares através das lentes da teoria feminista e crítica”.
Umas das propostas é considerar “as abordagens dominantes e subalternas dos alimentos tanto nos Estados Unidos quanto no exterior” para então “explorar como a teoria crítica pode oferecer conceituações alternativas de política alimentar e justiça”.
12) A Política de Gênero da Comida
A Universidade da Geórgia se propõe a examinar “maneiras como os alimentos se relacionam com gênero, raça e classe”, além de “debater sobre insegurança alimentar, produção de alimentos, consumo e desperdício de alimentos”.
13) Religião e Hip Hop
A disciplina da Universidade Xavier explora a relação entre “religião e a cultura do hip hop”. Segundo a instituição, o fator “religioso” é constantemente citado na cultura hip hop “como meio de construção da identidade e formação ética”.
14) Fidel Castro e Che Guevara: os Homens e os Mitos
De acordo com a Universidade Brown, “Che Guevara e Fidel Castro estão entre as figuras mais icónicas do século XX, graças aos seus papéis na Revolução Cubana e nas lutas anti-imperialistas em todo o mundo”.
Durante as aulas, os alunos lerão discursos escritos por Guevara e Castro, além analisar obras literárias e cinematográficas que abordem o legado de Che e Fidel.
15) Vida Noturna
O curso oferecido pela Universidade Cornell explora a vida noturna como “uma temporalidade que promove desempenhos contraculturais”.
Os alunos serão “convidados a interrogar as maneiras pelas quais a vida noturna demonstra o potencial estranho do mundo que existe além do modelo normativo de produção capitalista”.
Após o curso é adquirida “uma compreensão crítica da potencialidade de espaços, lugares e geografias codificados no desenvolvimento de subculturas, sexualidades alternativas e práticas de desempenho emergentes”.
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