Meu Passeio, meu quintal
"Me sinto tranquilo quando vou correr no Passeio. Não vejo assaltos ou problemas assim. Acho que, por ter o módulo de polícia, acaba sendo bem seguro."
Antonio Marcus dos Santos, morador e presidente da CEU.
"Eu gosto de cozinhar e costumo usar a cozinha comunitária da casa. Sempre procuro a feirinha do Passeio para comprar os ingredientes."
Daniel Vargas, morador da CEU.
"Todos os moradores da casa estão sempre a elaborar iniciativas culturais e artísticas para relembrar os bons costumes das famílias curitibanas e valorizar o cotidiano do parque."
Weber Moragas, morador e presidente da Celu.
"A maioria vem da Região Metropolitana e, com sacrifício, dá essa alegria para os filhos. Ainda tem alguns turistas e alguns curitibanos que depois de muitos anos voltam para relembrar como era o parque antigamente."
Gilberto Muller, 31 anos, estudante de Ciências Políticas.
Eles são de lugares diferentes e chegaram a Curitiba em busca de um diploma, mas não vieram somente pelas universidades. A fama de capital desenvolvida e ecológica também atrai estudantes de todo o país e, nesse sentido, alguns se dizem mais privilegiados quando a conversa é sobre o endereço em que vivem.
Não há quem possa reclamar, por exemplo, de acordar todos os dias no Centro da cidade e poder avistar pela janela as centenárias árvores dos quase 70 mil metros quadrados do Passeio Público. O primeiro parque da cidade é considerado o quintal de quem mora a poucos passos dali, na Casa do Estudante Luterano Universitário (Celu) e na Casa do Estudante Universitário do Paraná (CEU).
Passeio irresistível
Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo
O doutorando em Filosofia e graduando de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Antonio Marcus dos Santos (foto), 31 anos, deve ter visto muita gente se surpreender ao saber que ele mora há oito anos na Casa do Estudante Universitário do Paraná (CEU). Isso porque ele responde a essa pergunta como quem se desculpa: "Bastante tempo, né?". As justificativas surgem rapidamente. "Não é só porque estou envolvido com a presidência e os assuntos da casa. É que a localização é muito boa. Temos o Passeio Público ao lado, a Reitoria e tudo muito próximo. Aluguel por aqui é muito caro", diz.
Antonio é de Sengés, Região Centro Oriental do Paraná, e aproveita a proximidade com o parque do século 19 para correr toda semana, assim como fazem outros estudantes da CEU. É compreensível a resistência em mudar dali. "Fica esse espaço verde em volta da casa, que é como um jardim. É muito agradável, pois ele mantém uma temperatura boa e separa o trânsito pesado bem no meio do Centro", conta.
Passeio inspirador
Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo
Música pede inspiração e dois estudantes da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) encontraram o lugar perfeito para os ensaios. Basta abrir as janelas do quarto e deparar com o primeiro parque de Curitiba. Os amigos Eric Moreira (à direita na foto), 23 anos, e Daniel Vargas (à esquerda) , 28 anos, vieram de Ouro Preto (MG) e moram na CEU há quase dois anos.
Além da inspiração para o som do violão, Eric destaca o grande número de atletas, de fim de semana ou não, que se exercitam por ali. "Toda quarta de manhã eu ajudo a servir o café da manhã [na CEU]. Acordo bem cedo. É impressionante: 6 horas da manhã já tem gente correndo pelo parque. Dá até um ânimo diferente", diz. Já Daniel vê no Passeio um lugar perfeito para espairecer e para as comprinhas nas feiras de sábado. Cozinheiro de mão cheia, é de lá que vêm os ingredientes do sushi, sua especialidade. Frequentador assíduo do parque, ele diz ser verdadeira a fama do Passeio de atrair prostitutas e seus fregueses, mas não se sente incomodado por isso. "Se eu estivesse com a minha família ou com filhos, a prostituição e os grupos fumando maconha me incomodariam, mas hoje não vejo problema", diz.
Passeio lúdico
Todo fim de semana os pedalinhos ganham as águas do Passeio Público pelas mãos de Gilberto Muller, 31 anos. Estudante bolsista de Ciências Políticas do Centro Universitário Uninter, ele se divide entre as aulas, o trabalho como garçom e o ofício de "aquacicloboy", nome que inventou para se autodenominar nos fins de semana.
Vindo da cidade de Barracão, Sudoeste paranaense, o estudante conta que não consegue nem pensar no momento em que terá de sair da Celu e se afastar do Passeio. "Da casa, sou o que mais vive o Passeio Público e me sinto privilegiado. Esta é uma experiência que não vou esquecer", conta. Na torcida para que o parque esteja cada vez mais bem cuidado, ele conta que só lamenta o que chama de mercado a céu aberto, mencionando a prostituição. "Lá é um ponto turístico fantástico, não é lugar para fazer isso. Temos famílias visitantes e é constrangedor. Sempre encontro indícios como preservativos espalhados pelo chão, atrás dos barquinhos e no banheiro", diz.
Casas de estudantes
A Celu e a CEU prestam assistência de moradia a universitários homens, vindos do interior do Paraná e de outros estados. Podem concorrer a uma vaga estudantes matriculados em curso pré-vestibular, graduação e pós-graduação.
INTERATIVIDADEE você?!Você costuma frequentar parques e praças da cidade? Qual o seu passatempo nesses lugares?
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