Cerca de 50 estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) invadiram, por volta das 15h desta sexta-feira (19), a pró-reitoria de Assuntos Estudantis. Os bolsistas reclamam que estão sem alimento desde o fechamento do Restaurante Universitário (RU), por conta da greve dos servidores técnico-administrativos. Eles desocuparam o local às 17h20.
Os estudantes cobram uma solução para que não fiquem sem comer, apesar do fechamento do RU. Eles fizeram questão de esclarecer que não são contra a greve. Em 2009, durante o surto da gripe H1N1, por exemplo, os estudantes lembram que, mesmo com o RU fechado, os bolsistas recebiam alimentos nas residências universitárias.
A pró-reitora de Assuntos Estudantis, Rita de Cássia Lopes, apresentou para o estudantes a nota oficial divulgada pela UFPR sobre o assunto. Ela esclarece que os recursos do PNAES referentes ao auxílio-refeição são integralmente destinados aos Restaurantes Universitários. Também ressalta que "a Administração Central vem buscando sensibilizar o movimento grevista para que mantenha serviços essenciais, em especial a alimentação dos bolsistas com fragilidade socioeconômica abrangidos pelo Programa de Benefícios Econômicos para a Manutenção dos estudantes de graduação e ensino profissionalizante da UFPR (PROBEM).
Mas a nota diz ainda que uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) determina o funcionamento de 50% dos serviços prestados à comunidade durante os dias de greve, por no mínimo 50% dos servidores técnico-administrativos, sob pena de multa ao Sindicato. Com este cenário, a "UFPR não tem amparo legal para realizar transferência financeira em espécie a terceiros, como sugerido nas redes sociais. Do mesmo modo, não há amparo legal para a contratação emergencial de empresas terceirizadas de serviços de alimentação".
Os estudantes desocuparam a pró-reitoria depois que receberam a notícia de que havia comida no RU. Assim que chegaram ao local, os seguranças fecharam o restaurante. Uma assembleia com os bolsistas deve definir que atitudes serão tomadas para resolver o problema de falta de comida.
A Universidade já enfrenta a paralisação dos servidores técnico-administrativos há dois meses. O retorno das aulas foi adiado seguidas vezes e não foi estabelecida nova data. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) também aprovou a deflagração de greve dos alunos no último dia 4. Na última terça-feira (16), os professores também aprovaram a greve prevista para começar nesta sexta-feira (19). As inscrições para o vestibular da UFPR também começaram nesta sexta-feira.
UTFPR
Em assembleia geral realizada na noite desta quinta-feira (18), os professores da UTFPR mantiveram o indicativo de greve sem data marcada para começar. Eles também aprovaram uma paralisação nos dias 23 e 24 de agosto. Em nova assembleia na próxima semana eles devem reavaliar o indicativo de greve.
Segundo a Seção Sindical dos Docentes da UTFPR (Sindutf-PR), os professores relataram diversos problemas que estão ocorrendo na instituição como sobrecarga de trabalho, falta de infraestrutura das salas de aula e laboratórios, ausência de tempo e condições para o desenvolvimento de atividades de pesquisa. Eles também reclamaram de defasagem salarial.
O indicativo de greve sem data já havia sido aprovado no dia 11 de agosto e foi mantido com o intuito de manifestar apoio ao Sindicato Nacional dos Docentes (Andes-SN), que se encontra em processo de negociação com o governo federal. O Andes-SN participa de nova rodada de negociação com o governo federal nesta sexta-feira (19), em Brasília. No sábado (20), haverá uma reunião dos representantes dos professores de todo o país para discutir os resultados das assembleias realizadas nas universidades e deliberar sobre a possibilidade de deflagração de uma greve nacional.