Estágios bem-remunerados, acredite, existem. E mostram que é possível combinar aprendizado com recompensa financeira. Douglas Ferreira, 24 anos, está no quarto ano de Engenharia Industrial Elétrica (com ênfase em Eletrônica e Telecomunicações) e ganha R$ 900 para trabalhar 30 horas por semana como estagiário da Volvo. Segundo levantamento feito no ano passado pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), sua carreira está entre as que oferecem remuneração média mais alta no país, de R$ 1.022,30. "Os estágios nessa área são bem pagos, por causa da falta de profissionais. Quando há escassez de candidatos, como no caso dos cursos de Engenharia, encontramos alunos que estão no 3.º ou 4.º ano e já foram efetivados", afirma a gerente de treinamento do Nube, Carmen Alonso.
Douglas estuda no câmpus Curitiba da UTFPR e fez estágio em três lugares desde que começou o curso. Antes de trabalhar na Volvo, ficou dois anos e meio em uma multinacional alemã e teve a chance de estagiar também no país-sede da empresa. Quando estava no Brasil, ganhava cerca de R$1,5 mil para uma jornada de oito horas por dia. Na Alemanha, o valor era de 830 euros por mês. No atual estágio, além da remuneração, ele tem vários benefícios, como seguro de vida, plano de saúde, vale-mercado e plano odontológico. "A parte boa da Engenharia é que ela tem remuneração legal desde o estágio", diz. O piso salarial dos engenheiros é de seis salários mínimos para seis horas de trabalho por dia (R$ 3.270), ou de 8,5 salários para oito horas (R$ 4.632,50).
No ranking dos estágios mais bem pagos, o curso de Relações Internacionais aparece em segundo, com remuneração média de R$ 1.008,38. Outras carreiras que pagam bem os estagiários são: Economia (R$ 999,27), Química (R$ 897,45) e Arquitetura (R$ 896,35). Aluna do terceiro ano de Relações Internacionais na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Nathalie Moraes Aléssio, 23 anos, faz estágio na empresa de importação Mundi Trading e recebe R$ 700, mais vale-transporte e vale-refeição. "A bolsa-auxílio é essencial, porque eu pago a faculdade com o dinheiro." Embora ganhasse mais no estágio anterior, ela conta que saiu porque não recebia acompanhamento adequado nem tinha funções bem definidas.
A dica da estudante é começar em empresas menores. "Quando você trabalha em uma empresa muito grande, fica perdido e não entende o todo. Acaba fazendo só uma coisa e aprendendo menos. Eu acompanho tudo, do contato com o exportador no exterior até a chegada da mercadoria no país, com o importador", afirma. Já para Douglas, as chances de o estudante ser aproveitado como mão de obra barata são menores nas companhias de grande porte. Outra sugestão do estudante para quem quer conseguir um bom estágio em Engenharia é falar inglês.
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