O trabalho do capataz sempre foi aprendido na lida por quem atua na pecuária, sem a orientação técnica adequada. Com a primeira Escola de Capatazes do Paraná, criada a partir de um projeto da Universidade Estadual de Londrina (UEL), a profissão ganha contornos científicos que beneficiam tanto o trabalhador quanto o gado que ele maneja.
A escola nasceu de um projeto de extensão desenvolvido desde 2010 pelo professor do curso de Medicina Veterinária Wilmar Marçal. As primeiras aulas foram ministradas para turmas em sindicatos rurais e colégios agrícolas do Paraná. Agora, a família Garcia Cid cedeu as instalações e os animais da Fazenda Cachoeira 2C um dos mais importantes criatórios de gado nelore do Brasil para abrigar o curso.
Para Guilherme Garcia Cid, além de qualificar a mão de obra que lida com o gado, o curso humaniza o trato com o animal. "O interessante do projeto é que o conhecimento passado para eles visa o bem estar do animal e do próprio capataz", conta.
Capacitação
O projeto ensina gratuitamente o correto manejo dos animais em troncos e bretes (curral). "Hoje, não se admite mais pancada, ferrão, chicote, porque isso tudo provoca traumas e contusões que diminuem o preço da carcaça nos frigoríficos", explica Marçal. Também é trabalhada a manutenção saudável dos ambientes rurais, a destinação adequada de cadáveres e dejetos, além do uso de produtos agrotóxicos e veterinários. "Nós jogamos o conhecimento técnico na experiência prática deles", sintetiza o professor.
Com o curso, a figura do capataz passa a contribuir para a preservação de áreas florestais e a prevenção de doenças transmitidas pelos animais. "Isso melhora a qualidade de vida do capataz, o que é muito importante porque esse profissional nunca vai ser substituído pela tecnologia", garante Marçal.