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Andréia, formada em Direito, buscou o mestrado em Antropologia porque queria estudar pessoas, e não leis | Priscila Forone/ Gazeta do Povo
Andréia, formada em Direito, buscou o mestrado em Antropologia porque queria estudar pessoas, e não leis| Foto: Priscila Forone/ Gazeta do Povo

Verdadeiro ou falso

Veja alguns detalhes da Antropologia:

O antropólogo só estuda índios e civilizações do passado.Falso. Apesar de a sociedade indígena e outras do passado serem partes importantes do estudo antropológico, há profissionais que se ocupam de temas urbanos e modernos, como a comunidade científica e o impacto da tecnologia de ponta na sociedade.

O antropólogo tem trabalho dentro e fora do escritório.Verdadeiro. O profissional passa boa parte do tempo em campo, convivendo com o grupo de pessoas que estuda e coletando dados. Mas também precisa refletir sobre as informações e produzir relatórios antropológicos, com diagnósticos sobre o que foi observado.

Só há espaço para a antropologia no setor público.Falso. Esse é o setor com maior demanda, como nas áreas de programas sociais e de questões fundiárias, de posse de terra. Mas o antropólogo encontra espaço também na iniciativa privada. É possível contratá-lo, por exemplo, para diagnosticar os impactos sociais de um projeto em uma determinada área, para que não seja barrado por órgãos públicos de fiscalização.

Quem se interessa em estudar as relações humanas em sociedade tem agora mais uma opção além das Ciências Sociais: a graduação em Antropologia. O curso é novo, surgiu há cerca de quatro anos, e há poucos formados. Mas a carreira promete.

Para professores e profissionais, a criação do curso é reflexo do amadurecimento e das exigências do mercado de trabalho. "A Antropologia já pode delinear um campo próprio de formação, sem abrir mão de sua identificação maior no campo das Ciências Sociais.

A questão da demanda por profissionais com formação mais específica, por parte de órgãos públicos, ONG’s, comunidades e associações, é também um fator importante", diz o professor do Departamento de Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Márnio Teixeira-Pinto, autor do projeto de graduação em Antropologia da instituição, que receberá a segunda turma neste ano.

O professor do curso An­­tro­­pologia – Diversidade Cultural Latino-Americana da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) Andrea Ciacchi explica que a área é formada por quatro campos: sóciocultural, que se ocupa das organizações e relações sociais; físico-biológico, que estuda o homem do ponto de vista biológico e de sua evolução; arqueológico, que contempla civilizações do passado por meio de sua cultura material; e linguístico, que estuda o homem a partir de suas formas de comunicação.

Para ele, o candidato deve gostar e saber conversar, ser curioso e sem preconceitos. "Todas as formas de vida são possíveis, legítimas e dignas de interesse. Tentamos entender e fazer entender o mundo que nos rodeia."

Dia a dia

Formada em Direito e mestre em Antropologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Andréia Baia Prestes foi aprovada em licitação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária de Santa Catarina (Incra-SC) e desenvolve uma pesquisa em territórios quilombolas na região de Criciúma no estado, sobre a relação das pessoas com a terra que estão pleiteando.

A escolha pelo mestrado veio de uma ideia de pesquisa. "Queria estudar a vida de crianças que vivem em abrigos, disponíveis para adoção, mas que não são adotadas. Poderia fazer uma especialização na área jurídica, mas senti que ficaria limitada a uma discussão instrumental, de leis.

Com a antropologia, seria possível estudar as pessoas", explica ela, que também atua na área no Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR (MAE), desenvolvendo ações educativas por meio da antropologia, como a caixa didática, em que peças que ajudam o professor a transmitir conteúdos históricos e geográficos.

Ficha técnica

Conheça detalhes do curso e da profissão:Onde estudar

De acordo com o MEC, seis instituições ofertam graduação no Brasil: a Unila, a Pontifícia Universidade Católica de Goiás, a Universidade Federal de Minas Gerais, a Universidade Federal da Paraíba, a Universidade Federal de Pelotas e a UFSC.

Duração do cursoDe 3 a 4 anos, dependendo da instituição.

MercadoO antropólogo pode atuar no setor privado, identificando impactos sociais de projetos implantados em áreas ambientais. É o setor público, porém, que concentra a maior demanda, como no Ministério Público Federal, Incra e Ibama, além de ONGs e no patrimônio, nesse último caso, para diagnosticar efeitos sociais de transformações na estrutura de um bairro, por exemplo.

Remuneração

Não há regulamentação da profissão nem piso salarial. A Associação Brasileira de Antropologia (ABA), em convênio com a Procuradoria-Geral da República (PGR), organizou uma tabela de honorários, que vai de R$ 12 mil a R$ 39 mil por perícia. No setor público, a remuneração varia muito.

Desafio

Os graduados encontram um obstáculo a mais na hora de entrar no mercado de trabalho. Como a graduação é recente, a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) só indica profissionais com mestrado ou doutorado para perícias judiciais, apesar de aceitar como associados estudantes de graduação.

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