Quem aprecia o mundo das artes a ponto de se profissionalizar nele tem de estar preparado para uma série de obstáculos: do preconceito ao mercado de trabalho pouco convencional. No entanto, rodeados por música, dança, pinturas e teatro, é difícil encontrar um artista ou estudante infeliz com o caminho que decidiu trilhar.
Na última década, as opções de formação acadêmica nessa área foram ampliadas, com foco cada vez mais específico. No câmpus Curitiba 1 da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), antiga Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), por exemplo, são quatro as habilitações possíveis para quem pretende ser músico por formação. Quem tem mais apreço pelo teatro encontra graduações e especializações que vão da interpretação à direção de espetáculos.
A diversidade de caminhos não significa emprego fácil. O setor é pouco regulamentado e formado, em grande parte, por autônomos que trabalham com contratos temporários, o que exige de cada artista boa dose de criatividade e iniciativa para ser bem sucedido.
"Em todas as áreas artísticas, você tem de ser muito empreendedor porque o emprego não cai no seu colo. É difícil aparecer um concurso público ou um anúncio de vaga na qual você se encaixa perfeitamente", diz a cantora e mestranda em Música pela UFPR, Débora Bérgamo Pickler, 25 anos. Licenciada em Música, ela concilia os estudos sobre composição musical para o mestrado com aulas de Música em escolas particulares e apresentações em eventos.
Segundo Débora, é comum surgir incertezas entre os profissionais da área diante de uma proposta de trabalho fixo e seguro normalmente em outra área e da possibilidade de se arriscar em projetos artísticos mais realizadores cujo retorno financeiro não é previsível.
Vantagem
A coordenadora do curso de Artes Visuais na Unespar câmpus Curitiba 2 (antiga Faculdade de Artes do Paraná), Rosanny Moraes de Morais Teixeira, confirma ser difícil manter-se com uma única ocupação artística no Brasil. Nesse aspecto, os licenciados têm vantagem sobre os bacharéis, já que podem dar aulas em um período. "Essa é a realidade de muitos alunos, que estudam para serem professores de Artes Visuais, mas não abrem mão de levar uma carreira paralela como artistas", diz.
Sem deixar a oportunidade passar
Os músicos Débora Bérgamo Pickler, 25 anos, e Júnior Ilson Pickler, 28 anos, se conheceram durante a faculdade de Música na UFPR. Após a formatura, ambos conseguiram uma colocação e hoje estudam diferentes áreas do mundo artístico. Enquanto Débora faz mestrado em Música na UFPR, Júnior se especializa em Gestão Cultural no Senac, tema ligado à rotina profissional dele no Sesc da Esquina, onde organiza projetos educativos e musicais. "As oportunidades de emprego fixo, com carteira assinada na área artística, são raras, mas costumam ser boas. É preciso ficar atento", diz o músico. Ele recomenda que todo estudante de Música busque conhecer as leis de incentivo à cultura e os trâmites para ter um projeto financiado.