Escolher o curso universitário é difícil, mas a decisão pode ser ainda pior se a opção desejada não é ofertada na cidade em que se mora. Mas existem formações alternativas para seguir a carreira desejada sem precisar fechar as malas e sair de casa.
De olho no curso de Engenharia Aeronáutica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a estudante do terceiro ano do ensino médio Fernanda de Pieri, 17 anos, participa de aulas especiais que preparam para os vestibulares de Exatas em provas mais específicas, como é o caso da seleção do ITA.
Mas, mesmo com os pais de Fernanda se preparando para mudar de cidade caso a filha consiga entrar no ITA, a estudante pretende prestar no fim do ano vestibular para Engenharia Mecânica em quatro universidades de Curitiba. "Já sabia desde o primário que queria fazer alguma Engenharia, tenho afinidade com a área de Exatas", diz Fernanda.
Para a psicóloga Rafaela de Faria, do Instituto de Coaching e Orientação Profissional, antes de definir se vai fazer um curso fora, o estudante deve estar ciente de que o caminho até a formatura pode ser mais difícil. "O aluno precisa olhar para si e ver se está disposto a encarar todos os obstáculos para alcançar esse objetivo e saber se tem os recursos para encarar a opção ou não", disse Rafaela.
Com a decisão pelo curso feita, é hora de definir onde se pretende estudar. "É necessário verificar em quais cidades o curso é ofertado, ver o procedimento de ingresso dessas instituições e pesquisar se é necessário fazer algum cursinho específico para a área", diz Rafaela.
Ainda para a psicóloga, buscar outras possibilidades para estudar o mesmo tema pode ser uma boa ideia. "O aluno deve pesquisar muito e, quando o plano A não for possível, deve partir para o plano B".
Conheça a seguir alguns cursos não ofertados em Curitiba e sugestões de caminhos alternativos para trabalhar na mesma área:
Meteorologia
Meteorologia é a ciência que estuda a atmosfera da Terra e seus fenômenos, com o objetivo de entender os processos químicos e físicos que determinam o estado da atmosfera, além de investigar e avaliar as condições atmosféricas. O curso de Meteorologia é ofertado em oito universidades brasileiras (USP, UFAL, UFPB, UFCG, UFRJ, UFPEL, UFSM, UEA), todas fora do Paraná. Alternativa
Se a intenção é seguir a área operacional da meteorologia e trabalhar com a previsão do tempo, não existem muitos caminhos alternativos. Mas os interessados em fazer pesquisa acadêmica na área podem fazer a graduação em Física, Matemática ou Engenharia Ambiental antes de partir para um mestrado.
O meteorologista do Simepar, Lizandro Jacóbsen (foto acima), teve de se mudar de sua cidade natal para Pelotas para cursar a graduação. "Nunca é fácil sair de casa quando se é novo. Eu fui morar na Casa do Estudante, que nem sempre é muito bom, principalmente por ter muita gente no mesmo lugar. Eu voltava para a casa dos meus pais para recarregar a energia", diz. Outra meteorologista do Simepar, Sheila Paz (também na foto), alerta que o curso não é fácil. "Tem gente que tem uma ideia que vai estudar as nuvens e a chuva no curso. Isso não é verdade. São sete semestres de Física e cinco de Cálculo, que fazem o aluno começar pelas Exatas para depois estudar a parte mais técnica".
Educomunicação
A única graduação do país em Educomunicação é na USP. O curso se baseia na utilização dos meios de comunicação para fins educacionais e, depois da formatura, pode-se atuar em instituições de ensino de diferentes níveis, em ONGs, em empresas e em métodos de educação a distância.
Alternativa
Buscar um curso de graduação que pode ser na área de Comunicação, Pedagogia, ou relacionado à Licenciatura, por exemplo. Depois disso, o aluno pode se especializar em cursos de extensão e pós-graduação. Em Curitiba, a FAE Centro Universitário oferece pós-graduação em Educomunicação. A coordenadora do curso, Regina Luque, confirma que não há necessidade que o aluno tenha a graduação na área para exercer a profissão. "Na pós-graduação, temos alunos de diferentes cursos das humanidades e de licenciaturas", afirma.
Engenharia Biomédica
A área de Engenharia Biomédica possui duas vertentes principais de atuação profissional: a produção de equipamentos médicos em fábricas e na área hospitalar, na manutenção e compra de materiais, segundo Bertoldo Schneider Júnior, coordenador do mestrado profissional em Engenharia Biomédica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). O curso de graduação é oferecido em universidades como UFPE, em Pernambuco, FUMEC, em Minas Gerais e nas paulistas PUCSP, USP, UFABC, UNIVAP e UFESP.
Alternativa
Há mestrado e doutorado em Engenharia Biomédica, mas apesar de a pós-graduação ser interdisciplinar e poder ser cursada por alunos de diferentes áreas (como da Saúde, de Exatas e até de Administração), uma graduação na área de Engenharia ainda é necessária dependendo da atuação profissional desejada. "Podemos ter alunos de quase qualquer graduação, mas aqueles que desejam ser engenheiros biomédicos precisam de uma graduação em Engenharia, pois a profissão da pessoa é definida pela graduação", diz Bertoldo.
Engenharia Aeronáutica (foto)
Curso ofertado no ITA e na USP São Carlos, Engenharia Aeronáutica prepara os alunos para projetar e construir diferentes tipos de aeronaves (como aviões, helicópteros, foguetes e satélites). Os profissionais da área são responsáveis também pelo processo de manutenção, pela realização de reparos e pela inspeção periódica da estrutura e dos equipamentos de controle aéreo, além da construção de aeroportos, planejamento de linhas e gerenciamento de tráfego aéreo.Alternativa
Cursos tecnológicos oferecidos pela Universidade Tuiuti (Pilotagem Profissional de Aeronaves e Manutenção de Aeronaves) e pelo Centro Tecnológico do Positivo (Pilotagem Profissional de Aeronaves e Gestão do Transporte Aéreo). Segundo o coordenador do Curso de Manutenção em Aeronaves da Tuiuti, Rodolfo Perdomo, a diferença entre os técnicos e o curso universitário é a natureza: um bacharelado em Engenharia tem pelo menos 3.600 horas, enquanto um técnico tem cerca de 2.400 horas. "Por isso, fazer um curso técnico aliado a um curso universitário de Engenharia Mecânica pode dar para o aluno uma formação muito parecida ao curso de Engenharia Aeronáutica", explica Rodolfo.
Física Médica
O curso de Física Médica mistura os estudos de Química, Física e Medicina e o profissional formado atua no desenvolvimento e acompanhamento de tratamentos médicos que exigem o manuseio de equipamentos de radioterapia e de diagnóstico por imagem. Entre as universidades que oferecem o curso estão a UFS, de Sergipe, e a USP, UNESP, e Unicamp em São Paulo.
Alternativa
Mesmo o aluno que se forma em Física Médica precisa seguir para uma residência ou especialização em hospitais que fornecem experiência nessa área, a maioria no Sudeste. "Assim, um aluno formado em uma graduação de Física ou Química pode seguir para esse mesmo curso e atuar nos hospitais sem problemas", explica a professora do curso de graduação em Física Médica da Universidade Federal do Sergipe (UFS) Ana Figueiredo Maia, doutora na área. O curso de graduação e a residência levam cerca de sete anos para serem terminados. Depois disso, é indicado que o aluno faça a prova da Associação Brasileira de Física Médica. "Como nem a profissão de físico nem a de físico médico são regulamentadas, a prova não é obrigatória, mas ela é muito valorizada pelo mercado", finaliza Ana.