A gritaria foi substituída pela tecnologia. Na foto, a Bolsa de Valores de Chicago| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Glossário:

Veja o significado de algumas expressões usadas com frequência no dia-a-dia dos investidores:

AçãoTítulo que representa a menor fração na participação do capital de uma empresa.

Bolsa de valoresÉ o local onde ocorre a compra e venda das ações, podendo funcionar em ambiente virtual ou presencial. No país, a principal delas é a BM&F Bovespa, que surgiu da fusão entre a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) – então responsável pela negociação de outros papéis, como mercadorias (commodities), função que agora também faz parte da nova empresa formada.

CorretorasSão as organizações credenciadas pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a intermediar a relação entre os investidores e a bolsa de valores no Brasil.

PregãoCompreende o intervalo de tempo em que as ações são negociadas diretamente na bolsa de valores onde estão listadas.

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A aglomeração de homens vestidos com gravatas e coletes, gritando em grandes telefones é a imagem que vem à cabeça de muitos quando se fala em bolsa de valores. Mas esse ambiente já mudou bastante: desde 2009, as bolsas brasileiras substituíram totalmente a gritaria pelo ambiente eletrônico, onde toda a movimentação das ações é registrada em computadores.

Com isso, as profissões ligadas a este mercado também mudaram, mas não deixaram de existir. Pelo contrário, principalmente as funções ligadas ao auxílio de investidores na compra e venda de ações vêm ganhando destaque, reunindo um número cada vez maior de profissionais nos últimos anos.

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Os motivos para isso são diversos, vindo desde a evolução da economia e das empresas brasileiras, até o crescente número de pessoas dispostas a investir nesse mercado. "Outro fator interessante é a ‘sedução’ que a oportunidade da renda variável provoca nas pessoas", diz Eduardo Dias, analista de investimentos da corretora Omar Camargo.

De acordo com dados da bolsa brasileira, a BM&F Bovespa, o volume de investidores cadastrados como pessoa física no país saltou de 219,6 mil investidores, em 2006, para 598,2 mil, marcados em julho deste ano, o que representa um avanço de 172,4%. E a intenção da bolsa é de que esse número chegue aos 5 milhões de investidores até 2018, o que deve demandar ainda mais profissionais da área.

"O setor está muito demandante e o que ocorre é um movimento duplo. Enquanto é necessária a entrada de profissionais para trazer esses novos investidores, estes, agora, ‘clientes’ passam a precisar de outros profissionais para o suporte nas operações", afirma Alessandro Helpa, sócio e agente da Toro Inves­­timentos.

A referência são as duas das principais profissões ligadas aos investimentos: os agentes autônomos de investimento, responsáveis pela entrada e contato dos investidores na bolsa; e os analistas de investimentos, que levantam, interpretam e divulgam as informações sobre as empresas e o mercado para assessorar os investidores em suas decisões. Conheça melhora cada uma delas:

Meio de campo entre investidores e corretoras

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O agente autônomo de investimentos é responsável, basicamente, pelo contato dos investidores com as corretoras de valor, tarefa que envolve o recebimento de ordens de compra e venda das ações, que são passadas aos operadores das corretoras. "É quem está na ponta da relação com os investidores", define Diogo Gonçalves, agente de investimento da corretora de valores Omar Camargo.

Ele explica que a função exige um conhecimento significativo do setor, assim como um perfil comercial aguçado, já que ela também responde pela entrada de novos investidores ao mercado. Com isso e a tal "sedução da renda variável", a profissão tem se mostrado crescentemente desejada.

De 2006 até o início de setembro deste ano, o número de agentes em atividade credenciados no país mais que triplicou – partindo de 3.245 para 10.012 em 2011. Os dados são do órgão que regula o setor, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O caminho para se tornar um agente autônomo é simples, porém exige dedicação. Não é necessário ter ensino superior, mas o profissional deve passar por uma prova realizada pela Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord). "A avaliação exige conhecimentos aprofundados do setor e do funcionamento do mercado. São 80 questões e, para ser aprovado, o candidato deve acertar pelos menos 70% delas (56 questões)", explica o diretor superintendente da instituição, José David Martins Júnior.

De acordo com ele, se aprovado, o candidato deve encaminhar o resultado da prova e demais documentos exigidos para a CVM. Há um tempo de análise do pedido e, não havendo irregularidades, depois de um mês, o profissional já pode atuar no mercado.

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Entre as opções de empresas para o trabalho, estão as corretoras de valores e os escritórios de agentes autônomos, que reúnem profissionais e têm parcerias com corretoras externas. Neste começo, a remuneração do profissional varia bastante, pois se trata de um trabalho meritocrático, segundo Alessandro Helpa, sócio da Toro Investimentos. "No entanto, depois de um ano de trabalho e conseguindo atender um bom número de clientes, já é possível ganhar em torno de R$ 3 mil", afirma ele.

Saiba qual o papel do agente autônomo, na entrevista com Alessandro Helpa, da Toro Investimentos

De olho nas melhores opções

Buscar e interpretar diversas informações de setores, empresas e movimentos do mercado para passar as melhores opções de compra e venda das ações. Esse é o resumo das funções do analista de investimentos, outra das profissões ligadas ao mercado de capitais.

O trabalho se diferencia bastante da função do agente e acaba sendo uma carreira mais de "bastidores". No entanto, a profissão tem grande importância para os acionistas, servindo para basear suas futuras escolhas de investimentos. "O que fazemos é analisar os balanços de atividades das empresas listadas na bolsa, seu desempenho financeiro, contábil e comercial.

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Além disso, temos de conhecer tudo que envolve o setor em que essas empresas atuam, ter ideia do trabalho de seus concorrentes e também do desenvolvimento de seus mercados", conta Eduardo Dias, analista de investimento da Omar Camargo.

O caminho para o início das atividades dos analistas é um pouco mais longo que o do agente autônomo. Para o seu credenciamento, é necessário ter o ensino superior completo, mas não é exigida uma área específica de for­­mação. Uma prova para obten­­ção de registro na profissão também é cobrada, sendo realizada pela Associação dos Ana­­listas e Profissionais de Inves­­timento de Mercado de Ca­­pitais (Apimec).

Esta avaliação, de acordo com Vinícius Correa, superintendente de supervisão do analista da Apimec, não é nada simples. "O investidor deve ser muito bem assessorado e, pela regulação do mercado, o analista é quem deve fazer este papel. Por isso, os exames devem ser rígidos e envolver vários assuntos, como o mercado de capitais de maneira geral, e também outros temas, caso da contabilidade internacional", afirma.

Ele lembra que há diferentes certificações, dependendo da especialização do analista.Já quanto às opções de trabalho, as maiores possibilidades são as corretoras e os bancos de investimentos. Nas duas opções, o trabalho é semelhante, assim como sua evolução. "Isso varia de empresa para empresa, mas a evolução, de certa forma, pode ser vista como rápida", afirma Dias, da Omar Camargo.