Muita gente não entende a importância de um regente. Se os músicos conhecem a melodia e têm a partitura, para que é preciso um condutor? O regente (ou maestro, nome italiano pelo qual é mais conhecido) dá unidade a um grande conjunto de sons instrumentais e vocais.
Ele dita o tempo da música, indica quando cada músico deve entrar ou cantar e determina os acentos da melodia. "Nem tudo está escrito nas partituras. Uma música pode ter várias interpretações. A função desse profissional é unificar a orquestra", afirma o regente titular da Orquestra Filarmônica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Márcio Steuernagel.
Segundo o professor Paulo Barreto, do curso de Composição e Regência da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), uma mesma obra nunca é executada de forma idêntica, justamente pela personalidade de cada maestro. Barreto explica que esse profissional também tem uma série de obrigações administrativas: ele seleciona o repertório, indica os regentes e músicos convidados, participa da escolha de novos músicos e encabeça projetos de captação de verbas.
Agora vamos à segunda grande dúvida que acompanha a carreira: para ser maestro é preciso ter formação superior específica na área? Já existem cursos de bacharelado em Música com habilitação em Regência e cursos de bacharelado em Composição e Regência. Mesmo assim, Steuernagel afirma que muitas vezes um músico mais experiente acabava tomando a frente do grupo. Para Barreto, um instrumentista pode se transformar num grande regente. Mas o ideal é que o profissional combine as duas características: formação acadêmica e experiência como intérprete de um instrumento ou voz. Além disso, é importante complementar a graduação com cursos de regência ofertados em festivais de música.
Depois da formatura
Conquistar o posto de maestro em uma grande orquestra sinfônica não é das tarefas mais fáceis. O compositor e chefe do Departamento de Artes da UFPR, Maurício Dottore, diz que algumas vezes a direção artística do teatro ou a fundação que mantém o grupo é que faz a escolha. Também há situações em que os músicos têm o direito de decidir. Outra possibilidade é o cargo ser preenchido por concurso público, situação bem menos comum. "A orquestra juvenil da UFPR teve concurso público para regente. Mas grandes orquestras, como a Filarmônica de Berlim, não fazem concurso para maestro. O regente é convidado", afirma. De qualquer maneira, independentemente da seleção além de entender de música, precisa ter carisma e facilidade para trabalhar em grupo.
Ficha Técnica
Conheça melhor o curso e a profissão:
Onde estudar
Segundo o MEC, há no país 23 cursos superiores de Composição e Regência ou de Música com habilitação em Regência. Entre eles estão o da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), o da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Duração
Na Embap, o curso dura quatro anos, com aulas noturnas.MensalidadeApenas quatro particulares oferecem o curso, nenhuma delas no Paraná. As mensalidades giram em torno de R$ 1,3 mil.
Mercado
Normalmente, o profissional começa como regente assistente, realizando ensaios de alguns naipes (conjunto de executantes do mesmo instrumento). Outra possibilidade é trabalhar com coros e grupos musicais de empresas. Mas também há concursos públicos para o cargo.
Remuneração
Varia conforme o potencial do maestro e o tamanho e a importância do grupo que ele coordena. Um maestro assistente de uma orquestra sinfônica ganha em torno de R$ 4 mil. Um regente assistente recebe, em médiaR$ 6 mil. Mas há profissionais que ganham bem mais do que isso.
Disciplinas
Contraponto e Harmonia; Estética e Análise; Percepção; e Composição e Regência são algumas disciplinas estudadas ao longo da graduação da Embap.
Concorrência
Na primeira fase do vestibular 2011 da Unicamp, a concorrência foi de 3,4 candidatos por vaga.