MEC quer aumentar o número de licenciados no Brasil

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A carência de professores no país tem levado as universidades a aumentar o número de cursos de licenciatura e benefícios a quem busca por esse tipo de formação. A medida segue um pedido do Ministério da Educação (MEC), que tem como uma das prioridades o aumento no número de docentes. A ideia é haver a separação, entre bacharelado e licenciatura, uma vez que os cursos precisam ter grades curriculares e projetos pedagógicos diferenciados. Isso porque enquanto o bacharelado forma para o mercado de trabalho, a licenciatura é voltada para a capacidade de ensinar, formando professores.

Apesar de muitos cursos ainda serem mistos, ou seja, formarem tanto bacharéis como licenciados, caso haja uma complementação na formação, a intenção do MEC é separar completamente os cursos, como conta o diretor de graduações da Uni­­versidade Tecnológica do Paraná (UTFPR), Álvaro Peixoto de Alen­­car. "Há uma orientação do mi­­nistério para que os cursos sejam separados, em termos de regulação, pois são modalidades diferentes de graduação, com foco diferente. Então o pedido é para que a entrada na universidade seja diferente, mesmo que ao longo do curso haja o compartilhamento de algum laboratório, estrutura ou professor", diz. Na UTFPR, são 16 os cursos de licenciatura oferecidos nos câmpus de todo o estado.

Para a estudante de Letras da UFPR Maria Isabel Bordini, a separação não é favorável para os estudantes. "Tem se constituído uma pressão pra que cursos como o meu, que formam tanto bacharéis quanto licenciados funcionem como dois cursos diferentes e separados – o que impede a formação dos tais "bacharéis licenciados", pois a pessoa tem que escolher uma coisa só: ou decide desde sempre, isto é, desde o vestibular, que só quer dar aula em escola, ou decide que vai tentar a sorte na carreira acadêmica. Sou contra essa separação. Acho que um mesmo curso deve ofertar a mesma grade tanto para os bacharéis como para os licenciados", diz.

Segundo o professor Márcio Renato Guimarães, coordenador da graduação em Letras da Uni­­versidade Federal do Paraná (UFPR), atualmente o vestibulando presta o vestibular para Le­­tras, mas só escolhe se vai seguir para o bacharelado ou licenciatura no primeiro dia de aula. "O MEC quer que haja entradas diferentes durante o vestibular, mas especificamente para o curso de Letras não há uma posição oficial, pois se fôssemos levar ao pé da letra, teríamos 54 cursos diferentes dentro de Letras, pela variedade de idiomas. Mas está funcionando bem, aguardamos alguma definição mais clara, mas parece que até para o ministério essa questão de divisão de licenciaturas não está muito clara", afirma.

Na Prática

Pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), os alunos de licenciatura podem ter contato com as escolas desde a graduação. Enquanto neste ano foram 29.900 bolsistas em todo o país, a expectativa do MEC é a de atingir ao menos 45 mil bolsistas em 2012.

Na UTFPR , o programa está em funcionamento em pelo me­­nos sete dos cursos de licenciatura. A iniciativa, segundo Alencar, pode ser de grande ajuda no combate à evasão. "É um estímulo à integração do aluno com as escolas públicas de nível básico e médio, pois faz com que ele se integre ao ambiente escolar. Não é como um simples estágio, o aluno participa do planejamento de atividades e tem um coordenador que é um professor da escola", diz.