Formada em Pedagogia, Ana Cristina Poli abandonou a docência após fazer uma especialização.| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

"Podemos até optar pela primeira graduação de modo emocional, mas a segunda deve ser escolhida com mais cautela, aproveitando um pouco da maturidade que a primeira faculdade lhe deu."

Fulvio Leonardo Picoloto, formado em Gestão Financeira e, agora, aluno de Direito.

CARREGANDO :)

Pense bem

Responder a algumas questões é essencial na hora de decidir sobre a mudança que deseja e o quanto está disposto a se sacrificar:

Identifique qual é a origem da insatisfação. Seria a formação acadêmica em si, o ambiente de trabalho atual ou a dificuldade para encontrar um bom emprego na área? Para os especialistas consultados, somente uma resposta positiva para o primeiro item é que justificaria a busca por uma nova graduação. Há grandes chances de resolver os demais problemas com especializações.

Pense sobre o tempo que está disposto a dedicar para os estudos na atual fase da vida. Em geral, graduações tomarão ao menos um período durante todos os dias da semana, por três, quatro ou cinco anos. Especializações variam bastante na carga horária, mas raramente passam de três encontros semanais.

Coloque na balança a remuneração que deseja ter. Em algumas carreiras, uma especialização não aumentará tanto os rendimentos. Em outras, um diploma de graduação e a aprovação em um concurso público significarão altos salários. Esta é a hora de equilibrar a realização pessoal com o retorno financeiro, elementos que nem sempre caminham na mesma direção.

Guia de Pós

Se você está pensando em fazer uma especialização ou partir para um MBA, mestrado ou doutorado, logo terá nas mãos o novo Guia de Pós da Gazeta do Povo. Um levantamento detalhado sobre os cursos lato e stricto sensu ofertados em 45 municípios do Paraná está sendo feito para ajudar a sua decisão. A publicação estará encartada na Gazeta do dia 16 de fevereiro. Não perca!

Publicidade

INTERATIVIDADE

Você pensa em mudar de carreira? Quais são os motivos? Se você já passou por isso, que dicas pode dar? Deixe seu comentário abaixo.

Há mais de uma saída para quem está insatisfeito com a formação obtida na graduação, mas uma decisão acertada depende de critérios claros que ajudem na construção de uma carreira. O dilema é enfrentado com frequência por recém-formados que não conseguem uma boa colocação no mercado de trabalho ou mesmo por profissionais desiludidos com a rotina, por vezes bastante diferente do que supunham encontrar enquanto estavam na faculdade.

Quando surge uma crise dessas, mudar radicalmente de área e partir para outra graduação é uma alternativa cogitada espontaneamente, mas há setores em que uma especialização causa mudanças significativas no campo de trabalho do profissional, mesmo sem sair completamente da área. Confira os prós e contras de cada opção, segundo estudantes que já passaram por esse tipo de situação e especialistas em formação acadêmica.

Outro diploma para uma guinada total

Publicidade

André Rodrigues / Gazeta do Povo

Cursar outra faculdade é sem dúvida o caminho mais seguro para quem almeja uma mudança de rumo drástica na vida profissional, mas, para muitos, cobra um preço alto demais. Um bacharelado, por exemplo, ocupa no mínimo quatro anos de aulas, todos os dias da semana, sem contar o tempo destinado a trabalhos acadêmicos feitos em casa.

Embora essa rotina seja encarada com normalidade por estudantes que deixaram o ensino médio há pouco tempo, para profissionais formados, já atuantes no mercado de trabalho e, às vezes, até com família constituída, todo esse tempo de dedicação parece muito mais custoso. Soma-se a isso a necessidade de voltar a estudar conteúdos do ensino médio para obter aprovação em um vestibular ou uma boa nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

"Eu diria que a mudança de graduação é para aqueles que não apenas têm dificuldade de encontrar uma boa colocação no mercado, mas principalmente não se sentem realizados com a formação que obtiveram", diz Inge Suhr, coordenadora pedagógica do Grupo Uninter.

Publicidade

A opinião é compartilhada pelo estudante de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fulvio Leonardo Picoloto (foto), 25 anos. Formado em Gestão Financeira e especializado em Controladoria, ele resolveu voltar aos estudos e encarar mais cinco anos de graduação para iniciar uma carreira totalmente nova na área jurídica.

Para manter uma rotina compatível com os rigores da vida universitária, ele trocou o trabalho anterior, de 44 horas semanais na área financeira, por um emprego de meio período no setor público. "Podemos até optar pela primeira graduação de modo emocional, mas a segunda deve ser escolhida com mais cautela, aproveitando um pouco da maturidade que a primeira faculdade lhe deu", recomenda o estudante.

Reviravolta profissional com a especialização

Em tese, os cursos de especialização existem para aperfeiçoar conhecimentos e habilidades específicas dentro de determinada área, mas, na prática, em alguns setores, a formação adicional pode proporcionar a reviravolta profissional buscada por graduados insatisfeitos.

No entanto, essa opção tem limites. É impossível para um engenheiro atuar na área médica apenas com uma especialização, por exemplo. Muitas vezes, contudo, uma mudança de ares mais simples pode resolver o problema, diz a professora Inge Suhr. "Um curso de Pedagogia forma professores e gestores educacionais, mas, se você faz uma especialização em Pedagogia Corporativa, o público com o qual trabalhará é totalmente diferente", exemplifica.

Publicidade

Além disso, especializações normalmente não exigem uma formação anterior na mesma área. Foi graças a essa flexibilidade que a pedagoga Ana Cristina Poli, 31 anos, cursou Gestão em Mercado Financeiro, o que possibilitou a ela a passagem das salas de educação infantil para um escritório administrativo.

"Não me adaptei ao trabalho com crianças pequenas e a especialização foi excelente naquele momento para me ajudar a entender o que eu estava procurando", afirma Ana. Apesar de gostar da área administrativa, hoje ela cursa uma segunda graduação – Matemática, na UFPR –, mas por razões bem diferentes daquelas que a separaram da Pedagogia. "Busco uma carga horária menor para cuidar do filho que quero ter e dar aulas em apenas um período para o ensino médio, por exemplo, pode me proporcionar isso", explica.

Aceitação

Segundo o professor Armindo Angerer, diretor-geral do Grupo Expoente, o mercado aceita bem aqueles profissionais qualificados apenas com a especialização para atuar em determinado ramo. "Especializações, assim como os cursos técnicos, são muito mais focados do que as graduações e é isso o que boa parte do mercado busca", diz o professor. Ele cita como exemplo o grande número de engenheiros que vão para a área de negócios sem grandes dificuldades, apenas com uma pós-graduação lato sensu.