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Rafhael Motomoura é um especialista em fazer concursos | Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
Rafhael Motomoura é um especialista em fazer concursos| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

Dupla jornada

Rotina dificulta bom rendimento na faculdade

Mesmo ciente de que se trata de uma escolha comum entre universitários, para o coordenador do curso de direito do Centro universitário Curitiba (Unicuritiba), José Mario Tafuri, a divisão das atenções entre os trabalhos da faculdade e a preparação para concurso é incompatível com um bom rendimento em ambos.

Segundo o professor, o tipo de estudo exigido durante o ensino superior é muito diferente daquele necessário para concursos públicos, que tende a ser mais superficial. Tafuri cita ainda a dificuldade dos alunos dos períodos iniciais que encaram esses exames sem terem visto o conteúdo em sala antes. "Se terminassem primeiro uma boa faculdade, não precisariam nem de cursinho, dependeriam só de si mesmos", diz.

Embora compreenda que necessidades financeiras impulsionem essa opção, o professor recomenda que os alunos se inscrevam em cargos de nível médio enquanto estiverem na faculdade. "Esperar até o fim do curso garante inclusive uma escolha mais madura do que se quer", conclui.

Motivados por salários polpudos, uma longa lista de benefícios e estabilidade, muitos universitários não esperam ter o diploma para correr atrás de concursos públicos. A consequência é uma rotina exaustiva de aulas, exercícios e leituras exigidas tanto pela faculdade como pela preparação ao exame para conquistar o emprego dos sonhos.

Embora as vagas de nível superior ofertadas exijam, obviamente, um comprovante de conclusão de curso, a tradicional demora para a convocação acaba favorecendo. A maioria dos concursos públicos tem validade de dois anos, prorrogáveis por mais dois, prazo que, em tese, daria chances até para alunos do primeiro período dos cursos de quatro anos.

Esses concurseiros de plantão garimpam oportunidades em sites especializados, jornais ou se adiantam ao lançamento dos editais. Nesse clima, vários cursinhos preparatórios abrem turmas sem que haja sequer uma data de prova.

Material

Há, no entanto, quem dispense o cursinho. A estudante de Direito no Centro Universitário Uninter, Whytney Magalhães, 23 anos, não usa apostila. Com a Constituição quase decorada de tanto relê-la, ela usa livros de Direito e filtra conteúdos encontrados na web. Trabalhando na Ordem dos Advogados do Brasil e prestes a assumir uma vaga no Ministério do Trabalho e Emprego, ela conta, orgulhosa, que no ano passado também foi aprovada num dos concursos mais concorridos do país, do Instituto Nacional do Seguro Social, em oitavo lugar.

Tempo

Raphael Motomura, 24 anos, é outro profissional quando o assunto é concurso. Aluno do último ano de Direito na Universidade Federal do Paraná, dono de uma vasta experiência em exames, ele acumulou desafios pesados em 2012, com atividades da faculdade, entrega de monografia, preparação para concursos e a prova da OAB. Isso sem contar o emprego, de oito horas diárias. Para dar conta de tudo isso, ele coloca cada minuto do seu dia a serviço de seus objetivos, com a ajuda de aplicativos no celular. O metódico estudante, contudo, não abre mão de uma vida social saudável, que inclui o contato e o apoio dos amigos e da família.

Já a iniciante Luciana Humphreys Alberge, 26, acadêmica do primeiro ano de Contabilidade na UFPR e aluna do curso Aprovação, vai encarar seu primeiro concurso de nível superior, o da Receita Federal. Para garantir o tempo necessário ao estudo, ela optou por deixar de trabalhar, reservando quatro horas de suas tardes apenas à preparação para o concurso.

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