Com grande parte da clientela formada por alunos e professores das universidades federais em greve, comerciantes do entorno das instituições amargam prejuízos que acompanham a paralisação, que chega hoje ao 74º dia. Enquanto professores de todo o país avaliam a contraproposta apresentada na semana passada pelo governo federal, a Gazeta do Povo percorreu a vizinhança da reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do câmpus Curitiba da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) para ver o quanto a greve tem afetado o comércio
>>> Fechamento antecipado
Durante a semana, Mariluz Batista de Jesus costumava fechar as portas da sua copiadora, a Green House, às 21h30. Depois que a greve começou, todos os funcionários têm ido embora antes das 19 horas. "Movimento? Nem tem. Não compensa ficar aberto. Não entra ninguém", comenta. No dia 21, um sábado, a caixa registradora, que costumava receber cerca de R$ 100 em um dia como aquele, guardava apenas três notas de R$ 2. "Quando não temos cliente de empresa, não temos quem atender. resta fazer faxina e organizar os materiais", conta.
>>> Diferente das outras
Giltamar Cardoso trabalha há 16 anos na livraria do Chain, vizinha à reitoria da UFPR. Nesse tempo, ele conta que já presenciou muitas greves, mas esta é a que teve maior impacto sobre as vendas. "Assim como aconteceu com outros comércios da região, fomos prejudicados com a greve. A diminuição do movimento foi de mais de 50%", diz. Mesmo com o sumiço dos clientes de rua, Giltamar diz que o amparo ao negócio vem dos atendimentos externos, para escolas e outras faculdades.
>>> Freguesia incerta
Estão em stand-by as vendas do X-Montanha, prato mais famoso da lanchonete Montesquieu, próxima à UTFPR. Desde 1978, quando foi inaugurado, a maior clientela do estabelecimento é formada por estudantes. Às 10h30, horário em que a reportagem visitou a lanchonete, todos os banquinhos estavam vazios. Segundo o proprietário, Hiroyuki Ota, normalmente esse seria o horário de receber dezenas de estudantes famintos, que apareceriam durante o intervalo das aulas. "Quando tem aula, a freguesia é certa. Agora tem dia que quase não tem freguês", diz Ota.
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