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Metodologia

Educação democratizada mesmo a distância

Rosaura Fontoura dá aulas a distância há 20 anos e acompanhou a evolução tecnológica aliar-se à qualidade do ensino. | Antônio Costa / Gazeta do Povo
Rosaura Fontoura dá aulas a distância há 20 anos e acompanhou a evolução tecnológica aliar-se à qualidade do ensino. (Foto: Antônio Costa / Gazeta do Povo)

O número de brasileiros que aderiram ao sistema de educação a distância (EAD) cresceu vertiginosamente na última década. Só no nível de graduação, a quantidade de matrículas nessa modalidade de ensino saltou de 5,2 mil no ano 2000 para mais de 900 mil em 2010, de acordo com o último Censo da Educação Superior, de 2010. No nível médio, a procura também é grande: só o Instituto Federal do Paraná (IFPR) tem aproximadamente 34 mil alunos matriculados em cursos técnicos por todo o país. Esses números são reflexos da evolução da tecnologia empregada para a educação e da inclusão cada vez maior.

Professora de EAD há mais de 20 anos, Rosaura Fontoura deu aulas para funcionários do Brasil inteiro na Universidade Coorporativa da Caixa Econômica Federal e atualmente trabalha nas pós-graduações em Gestão Empresarial e Administração da Universidade Potiguar (UnP), do Rio Grande do Norte. A professora, que dá aulas em Natal a alunos de todo o país, acompanhou as melhorias nas condições de ensino em duas décadas. "Os primeiros cursos eram muito focados em textos, debates e fóruns. A tecnologia começou a facilitar a didática, com aulas transmitidas em tempo real e possibilidade de interação com os alunos", avalia.

Hoje, estudantes de EAD têm acesso à transmissão de aulas via satélite, que ficam arquivadas para consulta a qualquer hora pelo computador. Além disso, existem polos de apoio presencial, onde ocorrem atividades pedagógicas e administrativas. "O aluno vai ao polo de EAD pessoalmente. Isso o faz se sentir próximo do ensino tradicional e permite monitoramento do aprendizado de cada um", diz Benhur Gaio, coordenador de Graduação e Pós-Graduação EAD do Grupo Uninter e professor com mais de 30 anos de experiência no segmento.

Estrutura

Os polos também oferecem infraestrutura com bibliotecas, computadores, laboratórios e tele-aulas, além da aplicação de provas – a legislação brasileira exige pelo menos uma avaliação presencial. "No Brasil, o aluno não é acostumado a ficar no computador. Essa fórmula, com atividades nos polos em que há socialização, tem atraído muitos estudantes, principalmente do ensino médio", diz Fernando Amorim, assessor da Rede e-Tec Brasil.

No ensino médio técnico, no entanto, é obrigatório que 40% das aulas sejam práticas. "No curso de Enfermagem, por exemplo, os alunos precisam ter contato com laboratórios", diz José Carlos Ciccarino, diretor-geral do Núcleo de Educação a Distância do IFPR. Para viabilizar isso, existem laboratórios e polos móveis que chegam aos alunos em caminhões. E em regiões mais afastadas, até a educação básica ocorre na forma de EAD. "A Amazônia é pioneira em educação básica a distância e as respostas positivas têm sido significativas", comenta Amorim.

Acesso a diferentes perfis de estudantes

O motorista Kleber Martins dos Santos está no segundo período do curso Técnico em Segurança do Trabalho do IFPR. O trabalho em tempo integral e a espera pelo filho que está para nascer impossibilitam o acompanhamento de um curso presencial. A opção de estudar a distância permite que Martins se aperfeiçoe profissionalmente. "Estou achando bem proveitoso. As aulas são dinâmicas, tem um portal com trabalhos e sites de pesquisa à disposição", diz.

Assim como Martins, muitos brasileiros não podem acompanhar aulas presenciais, principalmente aqueles que trabalham ou moram em regiões de difícil acesso. Isso está criando um novo perfil de estudante brasileiro. "A EAD [educação a distância] é muito inclusiva. Existe grande demanda no interior e a média de idade dos alunos é de 32 anos", diz Benhur Gaio, coordenador de Graduação e Pós-Graduação EAD do Grupo Uninter.

O público variado também exige metodologias diferenciadas, como a andragogia – didática voltada para adultos –, que privilegia a autonomia dos estudantes. Segundo os especialistas, não há prejuízo no aprendizado. "Toda a circulação de significados e sentidos que ocorre em sala de aula é possível fazer em EAD", diz Rosaura Fontoura, professora da Universidade Potiguar (UnP). A dedicação dos estudantes costuma ser maior, já que eles precisam ir atrás de conteúdos e adotam uma postura ativa em relação ao aprendizado.

Custo

Outra vantagem da EAD é o custo. "As tecnologias empregadas são caras, mas, como trabalhamos em larga escala, conseguimos oferecer cursos pela metade do preço de instituições de ensino presencial", afirma Gaio. "A flexibilidade de horários e locais tem muito valor e nas aulas é possível perceber uma rica troca de culturas e conhecimentos regionais, visto que turmas unem alunos do Brasil inteiro", conclui Rosaura.

>>> Você já fez algum curso a distância? Conte-nos a sua experiência.

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