Tira-teima
Saiba o que especialistas e o MEC respondem aos argumentos defendidos por estudantes contrários ao Enade:
O Enade pode ser extinto com o boicote, como ocorreu com o antigo Provão.
Para a pró-reitora de Graduação da UFPR, Maria Amélia Sabbag Zainko, o boicote mostra à sociedade que os alunos fizeram uma má escolha e não gostam do curso. "Tampouco a administração é pressionada com essa atitude. Só em novembro, quando vier o CPC, é que vamos verificar os cursos que receberão a comissão do MEC e farão o protocolo de correção de problemas", diz. A diretora de Avaliação e Acompanhamento Institucional da UEL, Martha Marcondes, lembra que o Provão foi aperfeiçoado e substituído pelo Enade.
Universidades públicas são punidas pelo mau desempenho no Enade e têm repasses de verba reduzidos.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelas avaliações, não há relação entre a matriz orçamentária das instituições federais e o desempenho no Enade.
Instituições particulares fazem cursinhos pré-Enade para terem melhor desempenho e usarem isso como propaganda.
Não há proibição legal relacionada a cursos preparatórios para o Enade. Segundo a pró-reitora de Graduação da UFPR, precisar de cursinho prévio para ter bom desempenho significa que o processo de formação não é confiável. Martha afirma que o Enade recebe atenção de instituições públicas e privadas. "O resultado do Enade é a visão da sociedade", diz. (AC)
Edição 2013
Neste ano, o Enade será aplicado no dia 24 de novembro a cerca de 200 mil formandos de 4.916 cursos das áreas de Saúde e Agrárias. O aluno deverá permanecer pelo menos uma hora no local de prova.
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A divulgação dos resultados do Enade 2012 na semana passada colocou mais uma vez em evidência a vulnerabilidade do exame a boicotes. No Paraná, a nota 1 dada ao curso de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) é um dos exemplos que revelam a falta de comprometimento de universitários com a prova que ajuda a avaliar a qualidade dos cursos superiores no país.
O desempenho dos alunos no Enade representa 70% da nota do Conceito Preliminar de Curso (CPC), indicador usado pelo Ministério da Educação (MEC) para controlar a qualidade das graduações. Com base no CPC, que também leva em consideração a estrutura, os recursos pedagógicos e o corpo docente dos cursos, o governo federal traça medidas para que as instituições de ensino melhorem seus cursos, podendo inclusive suspender a abertura de novos vestibulares. A avaliação é feita a cada três anos, e o CPC deve ser divulgado em novembro.
No ano passado, 536 mil formandos de dez bacharelados e seis tecnólogos participaram do Enade. Entre os cursos avaliados em 2012 estão Administração, Direito, Jornalismo e Publicidade e Propaganda. Assim como o CPC, a nota do Enade varia entre 1 (fraco) e 5 (excelente).
Entretanto, enquanto notas máximas representam que os estudantes têm domínio do conteúdo previsto para determinada graduação, nem sempre notas baixas significam falta de conhecimento dos universitários.
Por ser um exame obrigatório indispensável para obter o diploma e sem exigência de nota mínima , há quem boicote a prova apenas assinando a lista de presença e entregando a prova em branco. Entre os que se posicionaram contra o Enade 2012 está Renato de Almeida Freitas Junior, 27 anos, recém-formado em Direito pela UFPR. "A prova era bem rasa e infantil, considerava muito pouco as disciplinas que temos durante as aulas. Já é consenso boicotar o Enade. Ninguém precisou propor um acordo contra a prova."
Incentivo
Mesmo respeitando a decisão dos alunos de participarem efetivamente do exame ou não, professores incentivam os alunos a levarem o Enade a sério. Segundo o diretor da Faculdade de Direito da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, estudantes são encorajados a participar. "Instrumentos de avaliação são importantes para poder separar o joio do trigo. O Enade tem lacunas e deve ser permanentemente discutido, mas isso não quer dizer que não tenha de ser feito", diz.
Já o especialista em avaliações educacionais Odilon Carlos Nunes entende a visão dos estudantes e critica a perspectiva autoritária do exame e o fato de não haver uma avaliação continuada do processo de ensino. "Os sujeitos envolvidos não são ouvidos. É uma avaliação feita de cima. Penalizar o avaliado é uma solução simplista", afirma.
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