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Mobilização

Greve nas federais completa dois meses

O formando de Design Gráfico Bolívar Escobar reclama de que a greve atrapalha até quem espera ser contratado pela empresa em que faz estágio | Antônio More / Gazeta do Povo
O formando de Design Gráfico Bolívar Escobar reclama de que a greve atrapalha até quem espera ser contratado pela empresa em que faz estágio (Foto: Antônio More / Gazeta do Povo)

A greve dos professores das universidades federais completa, amanhã, dois meses embalada pelo apoio da paralisação dos servidores e pela mobilização de estudantes. Com o calendário letivo cancelado, além de haver a necessidade de repor aulas em períodos de férias, alunos dos últimos anos de graduação convivem com o fantasma do atraso da formatura.

Para que as datas de colações e bailes não tenham de ser alteradas, as aulas têm uma data-limite para serem retomadas. Conforme Pedro Luís, assessor comercial da Polyndia, empresa especializada em organizar formaturas, esse prazo seria o final de agosto. Assim, as cerimônias seriam mantidas entre fevereiro e abril, como costuma ocorrer com os cursos da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Caso a greve se prolongue, além da preocupação com o trabalho de conclusão de curso (TCC), os formandos terão de negociar novas datas com os locais de festa.

Para os estudantes que se formam agora, no meio do ano, a situação é diferente. Mesmo com a continuidade das aulas, alguns obstáculos ocorreram no meio do caminho. Na colação do curso de Tecnologia em Gestão da Qualidade da UFPR, por exemplo, os professores não puderam usar suas becas. Isso ocorreu porque as vestimentas estão no prédio da Reitoria, que está tomado desde 3 de julho por estudantes que defendem a greve.

Para impedir que aconteça o mesmo em sua formatura, a turma de Medicina, que terá a colação no final deste mês, planeja pagar o aluguel das becas dos docentes caso a Reitoria permaneça invadida até lá.

TCC

A falta de orientação para o TCC durante o período de greve também tem irritado os estudantes. A maioria dos orientadores aderiu à paralisação. Isso fez com que os trabalhos que devem ser concluídos até o final do ano ficassem parados. "Não tem mais data prevista para a entrega. Não sabemos quando será nossa banca. O problema é que esse atraso prejudica tudo, principalmente quem precisa se formar para ser contratado no estágio. É uma reação em cadeia", conta o estudante do último ano de Design Gráfico Bolívar Escobar.

Em 60 dias de greve, as atividades acadêmicas não foram as únicas prejudicadas. Por causa da ocupação da Reitoria, a Pró-Reitoria de Planejamento e Finanças (Proplan) ficou sem funcionar e não pagou alguns fornecedores e empresas terceirizadas – como a de segurança – nem repassou bolsas aos alunos – como de permanência, alimentação e extensão.

Conforme a assessoria da universidade, os pagamentos referentes a esses benefícios foram feitos para solicitações que chegaram até o dia 3 de julho. Pedidos posteriores a essa data não serão atendidos até que a Proplan volte a funcionar normalmente.

UTFPR adota medidas para ajudar formandos e intercambistas

Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), os alunos que estavam para se formar neste mês puderam optar em ficar em greve ou continuar com as aulas e os trabalhos finais. Segundo a assessoria da instituição, para que concluíssem o curso, os formandos tiveram aulas ou fizeram trabalhos valendo como nota do semestre. A reitoria ainda não tem o balanço de quantos cursos adotaram esse sistema, mas garante que, até agora, ninguém teve a formatura prejudicada.

Alunos inscritos no programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal, também foram tratados de forma diferenciada. Para participarem do intercâmbio neste semestre, eles teriam de ter concluído uma carga horária específica. A UTFPR informou que, mesmo com a greve e com as disciplinas atrasadas, eles ingressarão no programa normalmente.

>>> E você, como está sendo prejudicado pela greve?

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