O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em reunião realizada na manhã desta sexta-feira (12), adiou novamente o início das aulas na instituição. Agora, as aulas devem ser retomadas no dia 22 de agosto. Com essa alteração, os alunos já terão os exames finais sendo realizados em janeiro de 2012, já que o encerramento das aulas ocorrerá próximo ao Natal.

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Este é o terceiro adiamento decidido pelo colegiado. A UFPR já enfrenta a paralisação em diversas atividades por causa da greve nacional dos servidores técnico-administrativos. Os professores da instituição também sinalizaram a intenção de paralisar as atividades a partir da próxima sexta-feira (19), em assembleia realizada na quinta-feira (11).

Segundo o reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, a opção pelo adiamento ocorreu porque, na avaliação do Cepe, não há condições para o retorno às aulas neste momento. "As greves sempre trazem algum desconforto, mas buscamos, com muito equilíbrio, a retomada das atividades e vamos tentar criar as condições para isso", diz o reitor. Segundo ele, com esse novo adiamento, não haveria como cumprir o mínimo de aulas sem transferir alguma carga horária para o ano seguinte.

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Durante a reunião do Cepe, o conselheiro Bernando Pilotto, que é diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral do Estado do Paraná (Sinditest), disse que o Governo Federal sinaliza com o retorno às negociações. Akel, que esteve em Brasília essa semana e se reuniu com o ministro da Educação, Fernando Haddad, acredita que as categorias vão optar por uma negociação pacífica.

"Nossa preocupação é com a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2012, que será no dia 31 de agosto. O prazo para inserir um aumento é esse e a hora de negociar é agora. Esperamos que o Ministério do Planejamento e a Fasubra [Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras] negociem", diz Akel. Na avaliação da Reitoria da UFPR, mais de 50% dos servidores estão trabalhando.

Universidade

A expectativa de Akel é de que as aulas sejam retomadas no dia 22 de agosto, mesmo com a greve, já que há a determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para que pelo menos 50% dos servidores técnicos administrativos das universidades federais em greve voltem a trabalhar. "Temos de envolver a comunidade, professores, servidores e alunos para retomar os atendimentos, as demandas da sociedade. A questão do Hospital de Clínicas é importante, mas educação também é essencial", defende.

O reitor vê legitimidade no movimento grevista, tanto os de servidores e professores como o estudantil. Segundo Zaki, dentro da UFPR há espaço para as vozes dissonantes: assim como há aqueles que defendem a greve, existem pessoas que gostariam de retomar as atividades, especialmente aqueles que têm prazo para se formar e desenvolver outras atividades. "É importante que todos se manifestem. Só reclamar por e-mail ou redes sociais não resolve. As pessoas – alunos, professores e servidores – têm de participar das assembleias, fazer sua opinião ser ouvida e deliberar", argumenta Akel.

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A UFPR também criou uma comissão de negociação da reitoria, formada por pró-reitores e assessores, que está conversando com os servidores, professores e estudantes, para saber quais as demandas de cada categoria. Segundo Akel, na quinta-feira (11), foi realizada a primeira reunião, com os alunos. Na segunda-feira (15), haverá um encontro com os servidores. "Uma das pautas dessa reunião é a reabertura de pelo menos um dos restaurantes universitários, para não prejudicar os estudantes que tem uma demanda social mais grave", adianta o reitor. Akel também afirmou que, mesmo com a greve, todas as bolsas e salários estão em dia e não há interrupção de pagamentos da universidade.

Posição dos estudantes

O Diretório Central dos Estudantes da UFPR (DCE) considera como um reconhecimento ao movimento grevista a atitude do Cepe de adiar o retorno das aulas. Segundo Naiady Piva, membro da diretoria do órgão, "não há como retomar o ano letivo sem a qualidade necessária".

No último dia 4, uma quinta-feira, em reunião na reitoria da UFPR, os membros do DCE, com a presença de alunos, votaram pela aderência da categoria ao movimento grevista. Naiady diz que essa posição dos estudantes "favorece o fortalecimento das reivindicações para toda a comunidade acadêmica".

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