O Ministério da Educação passou a computar entre os alunos do Ciência sem Fronteiras, programa de estudo no exterior, os bolsistas regulares da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão de incentivo à pesquisa.
A maquiagem ocorre há pelo menos um mês e meio, mas, na sexta-feira passada, a Capes informou aos bolsistas de seus programas regulares que eles seriam oficialmente migrados para o Ciência sem Fronteiras se fossem "elegíveis", isto é, se estivessem dentro dos critérios de seleção do programa.
No comunicado, a Capes diz que a migração é para "fins operacionais", "com o objetivo de oferecer isonomia no tratamento dispensado aos seus beneficiários". Alguns dos estudantes ouvidos relataram, no entanto, ter questionado a Capes por e-mail. Eles receberam como resposta que a manobra é "para dar estatística" e cumprir "metas do governo federal".
"As metas são irrealistas. Se não estamos conseguindo mandar um número maior de alunos para fora, estamos perdendo a chance de reduzir a meta dos que saem e aumentar os que vêm para cá", disse Cristóvam. "O programa é melhor do que nada. Mas deveria-se pensar que trazer cientistas para o Brasil seria mais eficiente."
A reportagem entrou em contato com o MEC e com a Capes na manhã de hoje e questionou por que o governo decidiu migrar os bolsistas regulares no exterior para o Ciência sem Fronteiras. Também perguntou se o governo tem tido dificuldades para cumprir metas estipuladas pelo programa e por que os alunos só foram informados depois de terem sido computados como bolsistas do programa.
Até o começo da tarde, a reportagem ainda não havia obtido respostas a seus questionamentos.
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