Despesas menores, companhia e alguém com quem dividir os trabalhos domésticos cotidianos. Esses são os principais benefícios citados por universitários que optam por morar com outros estudantes. Sejam casas ou apartamentos, as residências desses jovens acabam se tornando pequenas "repúblicas" universitárias, onde regras de convivência e diálogo são essenciais. Grande parte deles busca essa parceria por virem de outras cidades e estarem distantes da família. Outros escolhem sair da casa dos pais motivados pelo desejo de independência. A Gazeta do Povo conversou com alguns desses grupos de colegas e conta como é o cotidiano deles durante os anos de faculdade.
Contas divididas
Não é fácil lidar com dinheiro de modo que todos fiquem satisfeitos. Em algumas "repúblicas", como na de Jéssica Ribeiro Pizza, 21 anos, os jovens preferem somar todas as dívidas e dividir por três, com exceção da alimentação. "Comida cada um compra a sua", diz a estudante de Comunicação Institucional na Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Eventualmente, quando alguém fica pendurado demais no telefone, o trio Jéssica, Ana Maria Gomes e Murilo do Valle concorda em fazer o responsável pelas ligações pagar a mais. Os três contam ainda com uma renda extra para ajudar nas despesas. Como o apartamento onde moram tem uma garagem e nenhum deles tem carro, o grupo aluga o espaço e o dinheiro vai para o condomínio ou alguma outra conta. Já no grupo de Beatriz Botelho, da UEL, a conta de telefone é examinada com rigor. "A gente faz uma lista com as ligações que fez e depois confere com a conta."
Privacidade
Tema delicado quando estudantes até então desconhecidos passam a conviver juntos são as visitas de namorados, namoradas e amigos à residência. No caso de Bárbara Krenk, da UTP, a regra foi estabelecida pela dona do imóvel a mãe dela, que mora em Antonina. "Namorado é proibido", conta a estudante, que avisou sobre a regra para a colega logo no início do convívio.No grupo de Jasiel Rauli, 26 anos, estudante de Jornalismo da Faculdade Essei, o acordo entre ele e os outros três colegas é mais liberal e exige uma dose de companheirismo. "Como só temos dois quartos em casa, combinamos que quem leva a namorada fica com um dos quartos e os outros dormem na sala", explica. No caso da visita de amigos, como os quatro mantêm amizades em comum, todos participam das reuniões quando ocorrem.
Trabalhos domésticos
Sem os devidos cuidados, as pequenas desarrumações cotidianas podem se tornar a principal semente de discórdia entre colegas de residência. Para evitar essas situações, a estudante de Jornalismo Beatriz Botelho, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), e as outras duas garotas com quem divide um apartamento optaram pela tradicional e eficaz escala devidamente impressa e colada na porta da cozinha. A limpeza da casa ocorre nas segundas, quartas e sextas-feiras. O revezamento no preparo do café da manhã e almoço é diário; e cada moradora tem o dia certo para lavar a sua roupa.
Já Bárbara Krenk, 19 anos, aluna da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), compartilha o apartamento com apenas outra colega. Sendo apenas as duas, elas consideram desnecessária a definição mais rigorosa de procedimentos em casa. "A gente parte do princípio de que quem bagunça, arruma", diz.
Alternativas
No entanto, há quem procure alternativas para não encarar a faxina. Roberto Miguel Munhóz, 24 anos, estuda Gestão Comercial no Centro Universitário Uninter e divide a casa com uma colega de turma. Na teoria, há um revezamento semanal para manter a casa em ordem, mas quando chega sua vez, Munhóz prefere "contratar" os serviços da colega. "Num fim de semana é ela quem limpa o chão. Quando é minha vez, eu pago pelo trabalho dela", revela.
Ciente de que é comum pessoas imaginarem que há algum relacionamento entre os dois, Munhóz é enfático. "Não há e nunca houve nada. Somos apenas amigos e somos muito diferentes", afirma.
VIDA NA UNIVERSIDADE | 2:15
Para reduzir despesas, arranjar companhia ou dividir o trabalho doméstico, estudantes compartilham a mesma residência e estabelecem regras para o convívio de todos.