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Confira as mudanças previstas pelas novas diretrizes em cursos de Medicina:
>>> Pelo menos 30% da carga horária do estágio obrigatório, em regime de internato, deverão ocorrer no Sistema Único de Saúde (SUS), na atenção básica e em serviço de urgência e emergência.
>>> Será feita, a cada dois anos, uma avaliação nacional dos estudantes de Medicina. O teste será obrigatório e classificatório para os programas de residência médica. A aplicação das provas ficará sob a responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
>>> A partir de 2018, a residência médica deverá ser universalizada, ofertada a todos os egressos de 2017. O MEC espera que sejam abertas mais 11.447 vagas em cursos de Medicina até 2017. Como consequência disso, 12.372 vagas em residências médicas deverão ser criadas até 2018.
ASPAS
"Questiono se, com as mudanças, teremos um acadêmico que valoriza a visão generalista e entendimento integral do ser humano ou se teremos um acadêmico preocupado em ficar bem ranqueado nas provas para entrar na residência médica de seu interesse."
Weber Ribolli Moragas, estudante da Faculdade Evangélica.
"É muito importante que todos os estudantes passem pelo SUS e convivam com a população de classes inferiores. Além de trazer aprendizado, é uma forma de humanizar os estudantes."
Diogo Souza, estudante da Faculdade Evangélica.
A aprovação de novas diretrizes curriculares para os cursos de Medicina em todo o país, com foco na avaliação dos alunos e na obrigatoriedade de experiência mínima no Sistema Único de Saúde (SUS), traz preocupação à classe médica em relação ao incentivo a pesquisas na área. O documento apresentado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), no início deste mês, ainda precisa ser analisado e homologado pelo ministro da Educação, Henrique Paim. As universidades terão um ano para se adaptarem a partir da data de publicação das novas regras.
O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Maurício Marcondes Ribas, acredita que as novas normas devem desestimular a pesquisa a médio e longo prazo. "Precisamos formar médicos que sejam analistas, mas vamos tirar cada vez mais o aluno da pesquisa e colocar no hospital", explica. Veja mais detalhes sobre as mudanças ao lado.
O vice-coordenador do curso de Medicina da UFPR, Edison Tizzot, também demonstra preocupação com o assunto. "É algo meio desproporcional. Nós já temos atividades no SUS, temos uma carga teórica muito grande, temos que estimular pesquisa e extensão. Fica um bloco muito comprimido para dar uma visão global da medicina para o aluno", diz.
Já o coordenador adjunto da graduação de Medicina da PUCPR, José Knopfholz, não vê empecilhos para o estímulo à pesquisa na universidade. "Eu penso que o foco assistencial que está colocado na diretriz é que 30% das atividades do regime de internato sejam feitas no SUS, na urgência e emergência e no atendimento básico. Não opina nos 70% restantes, que podem ser vinculados a pesquisas", defende.
Aprovação rápida
Outro ponto que gerou críticas foi a rápida aprovação das novas diretrizes pelo CNE. "As diretrizes de base de 2001 foram estudadas amplamente. Agora faltou diálogo com todos os atores envolvidos nesse processo", critica o presidente CRM. "Talvez tenha sido pouco discutido. Foi muito a toque de caixa. Houve participação menor do que deveria", diz o coordenador de Medicina da Faculdade Evangélica do Paraná, Constantino Miguel Neto. "Acredito que as diretrizes deveriam ser melhor discutas com as escolas médicas", critica Knopfholz. Não há prazo definido para a avaliação e homologação das diretrizes.
Adaptação do currículo não assusta
Diante das novas regras para os cursos de Medicina, o coordenador da graduação na Faculdade Evangélica, Constantino Miguel Neto, acredita que os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) serão beneficiados pelas adaptações necessárias. "Além do estudante, é preciso colocar um supervisor no local. Isso melhora a qualidade no atendimento", explica.
Pelo fato de os estudantes da UFPR já estarem em contato com o SUS, o professor Edison Tizzot diz que a universidade não terá dificuldade para se adaptar. "É só uma questão de ajustar a carga horária", afirma. De acordo com ele, a partir do 1º ano, os alunos devem começar a ter contato com o SUS em casos de menor complexidade. Hoje, o contato inicial ocorre no 3º ano.
Para José Knopfholz, as mudanças são bem vindas à PUCPR, contudo, o coordenador adjunto lembra que a presença dos estudantes no SUS não deve ser destinada para cobrir a falta de mão de obra no sistema. "Se ele estiver de fato no papel de estudante, com supervisão em tempo integral e em um ambiente preparado para a academia, nós vemos com bons olhos", garante.
Avaliação
Outra preocupação é a forma como os alunos serão avaliados. "Se for para avaliar o aluno e o curso é muito interessante. Dá ferramentas para consertar erros no meio da viagem. Se for para concurso de residência, eu tenho muito medo", diz Miguel Neto. O Conselho Regional de Medicina teme que a avaliação prolifere os chamados medicursos.
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