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As pesquisas do professor Ricardo Faria deram origem ao projeto da UEL. Até agora, 15 espécies de orquídeas são conservadas pela instituição | Roberto Custódio / Gazeta do Povo
As pesquisas do professor Ricardo Faria deram origem ao projeto da UEL. Até agora, 15 espécies de orquídeas são conservadas pela instituição| Foto: Roberto Custódio / Gazeta do Povo

Serviço Aberto à comunidade

Localizado no Centro de Ciências Agrárias (CCA), o orquidário da UEL é aberto à comunidade para visitação e comercialização de mudas. Aberto todas as sextas-feiras, das 8h30 às 15 horas. Mais informações pelo telefone (43) 3371-4224.

"Além das questões ambientais, a orquídea é matéria-prima para produtos alimentícios, como a baunilha, e vem sendo estudada pelas propriedades medicinais. Duas espécies seriam anticancerígenas."

Ricardo Faria, coordenador do Banco de Sementes da UEL.

Passo a passo

Após a extração manual, as sementes são colocadas em um criotubo e depositadas no tanque criogênico. Daí para frente, a única manutenção a ser feita é a recarga mensal de 26 litros de nitrogênio, ao custo de R$ 5, o litro. O descongelamento das sementes é feito por meio de banho-maria.

Proteger espécies de orquídeas brasileiras ameaçadas de extinção por meio da conservação das sementes em temperaturas ultrabaixas. Esse é o objetivo do Banco de Sementes da Universidade Estadual de Londrina (UEL), uma iniciativa pioneira no Brasil, que surgiu com base nas pesquisas de pós-doutorado do professor de Agronomia Ricardo Faria, em 2009, na Flórida. "O homem pode fazer híbridos, ou seja, o cruzamento de espécies existentes, mas não pode recriar espécies que deixaram de existir. Por isso, é importante preservar as sementes", ressalta Faria.

Com 2.590 espécies nativas, o Brasil é um dos países mais ricos em variedades de orquídeas. Segundo estimativas do Ministério do Meio Ambiente, pelo menos 34 delas correm alto risco de desaparecimento em um futuro próximo. A preocupação com o assunto não é recente na UEL. Desde 1997, a instituição conta com um laboratório de clonagem de tecidos e um orquidário, onde são preservadas mais de 100 espécies nativas da planta. "Na natureza, apenas 2% das sementes germinam. Em laboratório, conseguimos 98%."

Das sete estufas do orquidário saem as sementes, que serão conservadas em nitrogênio líquido, a 196°C negativos – o mesmo princípio do congelamento de sêmen e células tronco. Em uma geladeira comum, a 10°C, essas sementes durariam de seis meses a um ano. "A vantagem da criopreservação é preservar ou conservar as espécies por um longo período, de 100, 200 anos", explica o coordenador do projeto.

Conservadas

Até o momento, 15 espécies são conservadas no banco da UEL. "A escolha se baseia não só nas mais ameaçadas, mas nas plantas com sementes disponíveis no momento. É preciso esperar o ciclo biológico da planta", justifica Faria. O ideal, segundo ele, é preservar cerca de 300 mil sementes de cada espécie a fim de garantir a variabilidade genética.

Outra maneira de assegurar a sobrevivência das espécies é a disseminação dos bancos de sementes por todos os estados brasileiros. "É bom guardar em vários locais porque, se algum tiver problema, o risco de perder a espécie é menor. Estivemos em Fortaleza recentemente e o pessoal vem para cá conhecer. Goiânia já esteve nos visitando e Maringá também está iniciando um banco. Na Inglaterra, há um banco mundial de sementes com mais de 25 mil espécies. Nossa ideia é fazer parte dele."

Protocolo

Entre os 15 alunos de iniciação científica, pós-graduação, mestrado e doutorado que compõem a equipe do Banco de Sementes da UEL está a doutoranda Edilene Preti Ferrari, 26 anos, formada em Agronomia. "Minha pesquisa tem como objetivo desenvolver um protocolo de congelamento de sementes, a fim de garantir que sejam viáveis após o descongelamento", explica. Até o momento, o sucesso tem sido de 70% a 80%. "Depois de descongelar, fazemos um teste com corantes para saber quais ainda estão vivas. O ideal é chegar a 90% de sucesso", acrescenta o orientador, Ricardo Faria.

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