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O professor Nathan Mendes é o idealizador de um software usado em todo o país que simula a eficiência energética em edificações. | André Rodrigues / Gazeta do Povo
O professor Nathan Mendes é o idealizador de um software usado em todo o país que simula a eficiência energética em edificações.| Foto: André Rodrigues / Gazeta do Povo
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Microalgas são aposta na geração de combustível

Daniel Castellano / Gazeta do Povo

Uma das pesquisas gerenciadas por André Mariano, na UFPR, estuda a produção de biocombustível a partir de algas.

Desde 2008, o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia Autossustentável (NPDeas) desenvolve estudos sobre energias renováveis na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo o gerente de programas do núcleo, André Bellin Mariano, a unidade foi criada a partir da iniciativa de professores de diferentes áreas e atua de forma multidisciplinar na criação de projetos e tecnologias sustentáveis.

"Desenvolvemos diversos projetos na área de energias renováveis e o principal fruto das pesquisas é a formação de mão de obra qualificada. Nesse sentido, vários alunos que passaram por aqui estão colaborando para o desenvolvimento direto de tecnologia de ponta em diversas universidades, empresas e centros de pesquisas", ressalta Mariano.

Atualmente, um dos principais projetos do NPDeas consiste no uso de microalgas para a geração de energia. A ideia é fazer com que elas forneçam biocombustível com o auxílio de fotobiorreatores tubulares. "Utilizamos o óleo isolado que é produzido pelas microalgas para a transformação em biodiesel e o resíduo segue para outros fins, como produção de bioetanol, ração animal e biogás", conta Mariano.

Integração

Conforme o mestrando em Engenharia e Ciência dos Materiais Bruno Miyawaki, 28 anos, um dos pesquisadores do núcleo, o diferencial das pesquisas do NPDeas está no trabalho integrado, com a participação de profissionais de várias áreas. "Cada integrante é responsável por uma parte do processo. A minha função atual é investigar a produção de biomassa de microalgas de forma compacta, com o objetivo de produzir biodiesel em grande escala", explica. "A vantagem de usar as microalgas está na reprodução das mesmas, em velocidade muito superior às plantas que atualmente são usadas para a extração de óleos, como a soja", acrescenta.

As pesquisas do NPDeas são financiadas pela Pinhais Nilko Tecnologia, pela PSA Peugeot Citroen Brasil e por incentivos públicos vindos da Capes e do CNPq. Mariano comenta que a principal dificuldade enfrentada para alavancar os projetos está na burocracia existente para utilizar recursos disponíveis para a pesquisa. (AD)

INTERATIVIDADE

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Em andamento

Conheça outros estudos em energias alternativas conduzidos no Paraná:

>>> Entre vários estudos, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) investe no projeto de manejo sustentável da palhada da cana-de-açúcar para otimização da produção de energia. O objetivo da pesquisa é testar a quantidade de palhada mais adequada na produção de cana-de-açúcar. A pesquisa é financiada pela Petrobras e está sendo realizada em nove núcleos distribuídos no país.

>>> A Universidade Estadual de Maringá (UEM) possui um grupo de pesquisadores que atua na área de adsorção e troca iônica para a purificação do gás natural. Desde 2009, o projeto tem convênio com a Petrobras e visa o desenvolvimento de tecnologia para a descontaminação do gás natural a ser produzido pelas unidades de exploração petrolífera do pré-sal.

>>> Um dos principais projetos que envolve energia alternativa na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) consiste no uso de biodigestores à base de dejetos animais e na utilização energética de resíduos sólidos urbanos.

A discussão de uma iminente crise energética no Brasil ganhou força nas últimas semanas devido ao baixo nível de água em reservatórios e ao consumo desenfreado de energia pela população. Em um cenário como esse, encontrar e desenvolver fontes alternativas e renováveis torna-se imprescindível e as universidades desempenham papel importante nesse processo. No Paraná, os setores público e privado têm apostado em estudos acadêmicos em busca de novos caminhos.

E alguns projetos já trazem resultados. É o caso do software Domus-Procel Edifica, desenvolvido na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), que possui outros sete projetos na linha de energia. Criado para simular a eficiência energética em edificações, o programa auxilia edifícios a receberem a Etiqueta de Eficiência Energética, concedida por órgãos credenciados pelo Inmetro.

Segundo o idealizador e coordenador do projeto, Nathan Mendes, o objetivo do software é fazer simulações com variáveis de umidade, calor, consumo e demanda de energia a fim de proporcionar o máximo de conforto, evitando o desperdício de eletricidade. "Nos Estados Unidos e na Europa, os softwares de simulação energética de edificações são utilizados desde 1970. Portanto, em vista desse panorama, na década de 1990, resolvemos iniciar o primeiro projeto nessa área no Brasil", comenta Mendes.

Investimento

O coordenador lembra que faltavam recursos no começo da pesquisa, mas, por meio do apoio de órgãos como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Eletrobras firmou parceria com a instituição e investiu R$ 1,75 milhão no projeto. "É um grande ganho para a PUCPR, para os alunos que participaram e para a sociedade em geral. O Domus é um programa de interface simples inspirado em modelos internacionais, adaptado às necessidades do Brasil. Graças à parceria com a Eletrobras, o software está sendo usado em 26 unidades da federação e já possui reconhecimento internacional", diz.

Para o mestrando Bruno Miyawaki, envolvido com pesquisas energéticas na Universidade Federal do Paraná (UFPR), mesmo com algumas parcerias, existe grande dificuldade de trabalhar com pesquisa em energias, já que ainda há distanciamento entre universidades e o setor produtivo. "Pesquisas de ponta necessitam de grandes investimentos, tanto em equipamentos como na formação de mão de obra qualificada. As indústrias brasileiras ainda não exploram o grande potencial presente nas instituições de ensino", aponta.

Na UTFPR, foco é na energia solar

A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) também possui projetos relacionados a energias alternativas. De acordo com o professor dos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia de Automação Jair Urbanetz Junior, todas as pesquisas visam disseminar tecnologias que envolvem energias alternativas. "Trabalhamos em especial com a energia solar fotovoltaica, responsável em gerar energia elétrica diretamente da luz do sol e mostrar a viabilidade de utilização dessa fonte de energia no estado do Paraná", diz Urbanetz.

Marcha lenta

Na opinião do pesquisador, os projetos com energias renováveis ainda se desenvolvem de forma tímida no Paraná. "Essas pesquisas trazem retornos baixos, mas acredito que, em curto prazo, o uso de fontes renováveis não convencionais de energia elétrica farão parte do nosso cotidiano. A maior dificuldade é falta de investimentos para que os projetos se desenvolvam com maior velocidade e com os recursos materiais e humanos adequados."

Urbanetz conta que projetos da UTFPR têm despertado interesse na iniciativa privada e devem resultar em parcerias. "Por enquanto, os recursos ainda são escassos e pontuais", lamente.

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