A Universidade Estadual Paulista (Unesp) vai oferecer, a partir do segundo semestre, 50 disciplinas de pós-graduação ministradas em inglês. A ideia é criar um movimento de internacionalização e intercâmbio, atraindo cerca de 700 estudantes do exterior. Instituições de ensino no Brasil já oferecem aulas em outro idioma, mas é a primeira vez que uma universidade cria um bloco de matérias nesse modelo.
As disciplinas serão oferecidas gratuitamente em 14 unidades, sobre temas de pesquisa consideradas de excelência em quatro áreas: Ciências Agrárias, Energias Alternativas, Odontologia e Literatura e Linguística. Alunos brasileiros matriculados na Unesp também poderão cursar.
"A interação entre os estudantes da Unesp com os colegas estrangeiros deverá contribuir de maneira efetiva para a construção de um ambiente multicultural e mais internacionalizado", disse o assessor chefe da Assessoria de Relações Externas da Unesp, José Celso Freire Junior.
A expectativa inicial é atrair de 10 a 15 alunos por disciplina, como explica o pró-reitor de Pós-graduação da Unesp, Eduardo Kokubun. "O mundo está olhando para o Brasil e temos algumas áreas de muito interesse internacional. Mas é difícil que estudantes venham para aprender português para depois conseguir fazer um curso."
Na Europa, cerca de 30% dos estudantes das principais universidades são estrangeiros. Esse porcentual não passa de 5% na Unesp, por exemplo.
A instituição já abriu inscrições pelo site www.unesp br/international-courses.
Pelo endereço, os inscritos deverão encaminhar uma proposta em que expliquem como poderão aproveitar os créditos em sua formação.
Programas
A internacionalização da universidade brasileira vem ganhando importância. Não por acaso, uma das apostas do governo federal nessa área é o Ciência sem Fronteiras, que pretende enviar 100 mil estudantes para outros países até 2014.
Mas o desafio maior ainda é promover o caminho inverso. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por exemplo, tem um projeto para oferecer um bloco de disciplinas da graduação em inglês. O plano, que aguarda definição do Conselho Universitário, começaria com Engenharia e cursos de exatas para depois ser ampliado.
Para o professor da Unicamp Leandro Tessler, o maior empecilho para que as universidades brasileiras ofereçam cursos em outro idioma não é o domínio da língua. "Existem setores da universidade que são contrários a ensinar em inglês, entendendo que isso seria perda de soberania", disse. Algumas unidades, como o instituto de Artes, já oferecem aulas em inglês.
Na Universidade de São Paulo (USP), a Faculdade de Economia e Administração, em Ribeirão Preto, e a Esalq, em Piracicaba, já têm aulas em inglês. Na pós-graduação, as disciplinas são ministradas em inglês em duas situações: quando há grande número de alunos estrangeiros e quando a disciplina é ministrada por professor visitante. A partir ainda deste mês, com a entrada em vigor do novo regimento, haverá o registro sistemático dessas disciplinas.
A USP vai criar escritórios em Boston, Londres e Cingapura como parte de um programa de internacionalização, lançado no mês passado. As representações funcionarão até janeiro de 2014. O investimento será de R$ 400 mil e incluirá a concessão de bolsas para pesquisadores e estudantes estrangeiros que queiram fazer intercâmbio na USP.
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