Carros que andam sozinhos, sem motorista, deixaram de ser ficção científica há alguns anos. Universidades e a indústria automobilística trabalham abertamente com protótipos, mas o trânsito das grandes cidades oferece obstáculos que ainda são instransponíveis para as máquinas. Os congestionamentos criados pelas paradas em semáforos são um deles, mas o engenheiro Rafael Miggiorin, dos Institutos Lactec, tem uma sugestão que fez sucesso entre estudiosos da área.
No ano passado, enquanto cursava a especialização em Sistemas Embarcados para a Indústria Automotiva, na UTFPR, ele projetou um sistema no qual a rede de semáforos de toda uma cidade poderia se comunicar com os carros autônomos em circulação, garantindo que todos freiem e a acelerem de modo coordenado. A proposta, ainda hipotética, poderia ser adotada por prefeituras num futuro não tão distante.
"A ideia é que os veículos comecem a frear antes de chegar ao semáforo, pois sabem que ficará vermelho. E quando ficar verde, todos largariam juntos. Hoje, muitos motoristas demoram para largar. Isso acabaria com o problema", diz Miggiorin. O trabalho chamou a atenção dos organizadores da SAE Brasil, versão nacional de um dos principais congressos de Engenharia Automotiva no mundo. Em outubro de 2013, ele foi convidado a apresentar o trabalho no evento, ocorrido em São Paulo, e teve o texto publicado em inglês na revista do congresso.
Protótipos
Buscar soluções para tornar os carros autônomos mais seguros é uma tendência entre pesquisadores do setor automotivo. No Brasil, a USP, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) têm seus próprios protótipos.
O projeto da USP, por exemplo, teve início em 2010, mas só neste ano foi possível ver o veículo, batizado de Carina 2, circulando sem motorista. O Palio Adventure usado no projeto passou por várias modificações, como o sensor a laser acoplado no teto para detectar eventuais obstáculos, radares, câmeras, um potente sistema de GPS e computadores que gravam dados de caminhos já percorridos.
Embora os avanços da área já permitam passeios tranquilos, sem necessidade de colocar as mãos no volante, os pesquisadores não abrem mão de um plano B para possíveis imprevistos. É o caso do sistema de emergência instalado no protótipo da UFMG, em desenvolvimento desde 2007. Além de frear automaticamente quando identifica algum problema, o carro tem três botões para suspender seu funcionamento. Um no painel, um no teto e um acionado por controle remoto.