Natália Biscolli e Rúbia Teruya foram selecionadas pelo programa Inova Talentos, do IEL e CNPq, para trabalhar na empresa Neodent.| Foto: Antônio More / Gazeta do Povo

Desafio

Aqueles que passaram pela universidade antes dela abraçar o tema da inovação podem ter dificuldade em acompanhar os conceitos e os ideais do tema, mas isso não os impede de correr atrás e buscar formação por outros meios. Afinal, essa já é uma atitude inovadora. Confira algumas dicas citadas para tornar-se e manter-se inovador:

Desperte o autodidata que há dentro de você. A internet está repleta de palestras e cursos on-line focados no desenvolvimento de competências para o profissional inovador. Muitas delas são gratuitas e produzidas justamente por quem está na universidade, como a Khan Academy e as aulas on-line da USP.

Invista em um MBA. Se prefere a didática tradicional, os MBAs em Inovação são uma boa alternativa. Eles se espalharam pelo país e são ofertados em várias ênfases.

Faça cursos. Procure capacitações oferecidas por instituições ligadas ao setor produtivo, como Senai, Sesi e Sebrae. São entidades entusiastas do tema e oferecem formações com diversas configurações.

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O mercado está sedento por profissionais criativos e os mais jovens têm tudo para dominá-lo. Essa é a conclusão de analistas ligados ao setor de inovação no estado. A formação acadêmica mais conectada à demanda, o suporte ofertado pelas agências de inovação e os constantes estímulos para encontrar novas soluções para problemas concretos são diferenciais que dão vantagem aos universitários de hoje quando comparados a gerações formadas há uma década.

Embora o apelo da indústria por um impulso de inovação tenha começado antes, a academia demorou para acompanhar as transformações. A primeira legislação nacional a tratar especificamente da relação entre universidades e empresas, no que diz respeito a novos processos produtivos, surgiu em 2004 e foi batizada de Lei de Inovação. As primeiras agências universitárias de inovação do Paraná, no entanto, surgiram quatro anos depois. As quatro maiores universidades do estado — UFPR, PUCPR, UEL e UEM — inauguraram suas agências em 2008.

De lá pra cá, praticamente todas as áreas do conhecimento foram influenciadas pela tendência inovadora. "São coisas que há dez anos pouco se falava, mas, hoje, no mundo dinâmico em que estamos, o jovem já entra na universidade sonhando em criar sua própria startup", diz o professor Álvaro Amarante, diretor da Agência PUC de Inovação.

Amarante reconhece que a formação universitária atual tem se aproximado das necessidades do mercado, que concede aos acadêmicos de hoje noções de liderança e empreendedorismo que fazem a diferença, tanto na disputa por vagas do mercado de trabalho quanto na criação bem sucedida dos próprios negócios.

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Parte disso se deve à melhor acolhida das instituições universitárias às sugestões e aos apelos vindos do mercado. "Recebemos feedback das empresas o tempo todo sobre o desempenho de nossos alunos, sobre a formação com que chegam ao mercado e aplicamos essas informações aos nossos currículos", diz Amarante. No entanto, essa não é a realidade encontrada na maioria dos cursos e instituições.

DNA presente

O coordenador de Propriedade Intelectual da Agência de Inovação UFPR, Alexandre Moraes, faz o adendo de que o "DNA inovador" sempre existiu, já que sempre houve quem buscasse novas soluções e diferenciais, independentemente de quando tenha se formado, mas admite que o estudante de hoje tem oportunidades inéditas para desenvolver esse tipo de competência. Para ele, além dos ganhos pessoais que o perfil inovador pode trazer ao acadêmico, a noção mais esclarecida que esta geração tem sobre o quanto a inovação pode contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país é um fator que deve ser valorizado.

Programa aposta em estudantes para inovar empresas

Iniciativa do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o programa Inova Talentos é um exemplo de oportunidade dado a formandos e recém-formados que gostariam de dedicar toda a energia ao desenvolvimento de soluções inovadoras na indústria.

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O programa faz uma seleção entre candidatos de todo o país, de diversas áreas, e financia o pagamento de bolsas para que os escolhidos desenvolvam projetos que tragam algo de novo ao setor produtivo, diretamente dentro das empresas.

A estudante Rúbia Eri Teruya, 24 anos, foi uma das escolhidas para desenvolver projetos no Paraná. Formada em Engenharia de Materiais pela Unesp de Guaratinguetá, no interior de São Paulo, ela se mudou para Curitiba depois de ser classificada para participar do Inova Talentos dentro da Neodent, empresa do ramo de implantes dentários.

"Desde que me formei, eu buscava algo na área de biomateriais", conta a engenheira, que desde maio trabalha no desenvolvimento de novas soluções para aperfeiçoar a superfície de implantes dentários.

Currículo

Para o superintendente do Sesi e do IEL no Paraná, José Antonio Fares, o tema da inovação tornou-se frequente nas universidades, mas permanece mais invocado do que praticado nas disciplinas. "Houve avanços, mas os estudantes ainda não chegam preparados para inovar dentro das empresas. Por isso precisam passar por uma formação dentro do projeto", conta Fares. Os selecionados do Inova Talentos passam por cursos para o desenvolvimento de competências técnicas e humanas ao longo do programa.

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Na primeira edição, ocorrida no primeiro semestre deste ano, 228 trainees foram selecionados em todo o Brasil para o desenvolvimento de 156 projetos inovadores. No Paraná, foram 19 projetos aprovados pelo CNPq e 24 vagas de trainees. Na segunda edição, que está com as inscrições abertas, 25 universitários ou recém-formados serão selecionados para trabalhar em 15 projetos no Paraná. As inscrições seguem até 31 de agosto pelo site www.ielpr.org.br. As bolsas variam de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil mensais, por um ano.