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Para Pâmela Cordeiro, um estudante não pode ficar estagnado após a formatura. Agora, ela está ansiosa para começar a pós-graduação | Marcelo Andrade / Gazeta do Povo
Para Pâmela Cordeiro, um estudante não pode ficar estagnado após a formatura. Agora, ela está ansiosa para começar a pós-graduação| Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo

De volta para casa

Quando Anna Claudia Gubert, 23 anos, deixou a cidade de Teixeira Soares, no Sudeste do Paraná, para estudar Farmácia em Curitiba, não estava certa da escolha do curso e nem do que faria após a formatura. Ingressou na faculdade pensando na segurança, pois sua mãe era dona de uma farmácia. "Também pensava que, caso eu não gostasse, faria outra faculdade. Para minha sorte, me apaixonei pelo curso no segundo ano", conta. Foi só no último ano que a estudante resolveu voltar para o interior. Por ter feito apenas os estágios curriculares, imaginou que seria difícil se manter na capital depois de formada. Ela começou trabalhando na farmácia da família. Há dois anos, Anna também foi contratada pela farmácia do hospital local. Em seguida, passou em um concurso da prefeitura para assumir a farmácia da Secretaria de Saúde. "Hoje eu acho que as oportunidades nas cidades pequenas são muito maiores. O mercado não está tão saturado e a qualidade de vida é muito melhor, gastando menos. Acho que tomei a decisão certa voltando para cá."

Estágio vira emprego

Leandro Mendes, 23 anos, sempre teve uma queda pela área da indústria automotiva, mas, envolvido com as aulas de Engenharia Mecânica, que tomavam manhãs, tardes e noites, acabou entrando em um estágio fora da faculdade apenas nos últimos semestres do curso – em uma área diferente da que desejava. "Acho muito legal a mecânica de motores e é algo que todo mundo gosta, pois também tem um mercado bem abrangente. Consegui trabalhar projetando coisas estáticas", diz. Com a formatura, no fim do ano passado, veio a dúvida: ficar no mesmo lugar ou tentar outra oportunidade na área desejada? Leandro resolveu continuar na mesma empresa, mesmo sem ganhar o salário pago a um engenheiro formado. "Fiz algumas entrevistas, mas, por falta de maior experiência, não deu em nada. Penso que só me formar não adiantou muita coisa. Deixei de estagiar para estudar e acho que não valeu muito a pena. Era melhor ter prolongado meu período na faculdade e ter feito mais estágios além do único que fiz", considera.

Mais estudo

No último semestre de Administração de Empresas, Pâmela Cordeiro, 23 anos, está com a cabeça no trabalho de conclusão de curso e ansiosa para começar a pós-graduação em Marketing. A decisão de se especializar veio ainda no meio da graduação, quando Pâmela descobriu que tinha afinidade com a parte de criação e de geração de valor da marca e do negócio. A certeza veio com o último emprego, que permitiu experimentar na prática os conceitos da faculdade. Para ela, não dá para um estudante ficar estagnado após a formatura. "Com a grande influência da tecnologia, as rápidas transformações e a globalização, as empresas buscam profissionais cada vez mais qualificados e maiores que seu próprio currículo. Capazes de se adaptar a essa grande flexibilidade de mudanças", afirma a jovem. Diante desse cenário, Pâmela defende que os novos profissionais devem estar à frente do seu tempo. "É indispensável dar continuidade nos estudos por meio de MBA’s, cursos de extensão, intercâmbios, participações em congressos, palestras e afins", considera.

Espero ser contratado pela empresa onde sou estagiário? Volto para a cidade dos meus pais? Dou sequência aos estudos e começo uma pós-graduação ou um mestrado? E se não aparecer emprego? É comum que formandos e recém-formados carreguem dúvidas que dependem de respostas e definições importantes e que nem sempre são imediatas. Depois de passar os últimos anos na faculdade, a cobrança da família, dos colegas e até interna costuma aumentar – principalmente em casos em que o universitário foi sustentado pelos pais enquanto se dedicava aos estudos.

Para evitar que a entrega do diploma seja acompanhada de um desespero desnecessário, cabe ao aluno, antes do último ano da graduação, buscar autoconhecimento e fazer questionamentos a respeito das áreas com que mais se identificou durante o curso. "É um erro achar que, ao se formar, tudo estará resolvido", diz a especialista em Orientação Profissional Luciana Albanese Valore, professora de Psicologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Aquele famoso exercício de imaginar onde você quer estar em cinco anos ou mais pode ser útil também nessa época. Idealizar como quer que a carreira esteja em certo momento facilita a escolha de caminhos e decisões que envolvem estudo e trabalho. Se o objetivo é fazer carreira em uma determinada empresa, é bom buscar estágios relacionados à área e investir em uma rede de contatos. Para uma carreira acadêmica, experiências de monitoria podem ser úteis e a iniciação científica é um grande passo para um futuro pesquisador.

Orientação

São comuns preocupações com a própria a competência e com o mercado de trabalho. Se a escolha do curso já foi difícil, a definição do caminho daqui para frente pode ser ainda mais nebulosa. Por isso, pedir ajuda pode ser uma boa ideia. "Há profissionais orientadores que podem ajudar nesse planejamento de carreira. Esse é um momento que exige tanto cuidado e planejamento quanto o de ingresso na universidade. É natural que haja dúvidas, mas é importante lembrar que não é o único no planeta a passar por isso", diz Luciana.

De acordo com a história pessoal de cada estudante, os dilemas podem ser completamente diferentes. Investir em uma viagem ao exterior em vez de encontrar um emprego logo após a formatura ou casar e engravidar antes de dar outros passos na vida profissional são preocupações recorrentes a muitos jovens adultos. Para essas e tantas outras dúvidas, a psicóloga Selena Garcia Greca, especialista em Orientação Vocacional, afirma que não há fórmula perfeita, apenas uma palavrinha mágica: planejamento.

Zona de conforto

"Cada um deve analisar e planejar com muito cuidado, dando um significado maior para as suas escolhas e vendo o trabalho como uma missão de vida", diz Selena. Ela lembra que, mesmo que a tão sonhada oportunidade de emprego não apareça logo, o estudante deve assumir uma postura ativa e estar preparado. "Não se deve ficar na ‘zona de conforto’ da casa dos pais. O aluno deve conversar com professores da faculdade – que poderão ser bons orientadores nessa fase –, elaborar um bom currículo, inscrever-se em programas de seleção ou concursos, investir em uma nova língua estrangeira e construir uma boa rede de relações", sugere.

Quais os maiores dilemas que você enfrentou ou está enfrentando no começo de sua vida profissional? Deixe o seu comentário!

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