INTERATIVIDADE E aí?
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Pioneirismo em festas de formatura
Assim que entrou na faculdade de Administração, na década de 1990, Luciano Farias queria descobrir a melhor área para abrir um negócio próprio em Ponta Grossa. Nesse processo, percebeu que algumas universidades estudavam o modelo de empresa júnior e ajudou a criar a primeira organização desse tipo na UEPG. A experiência que adquiriu na empresa júnior foi fundamental para o passo seguinte. Com uma amiga, Farias abriu uma empresa organizadora de formaturas, a primeira com conceito de entretenimento na cidade. "Só havia empresas tradicionais, que faziam apenas a parte institucional. Nós passamos a oferecer shows, festas mais personalizadas, fotos mais elaboradas", conta. A Excellence Formaturas está completando 15 anos e continua com seu conceito inovador. Hoje há várias empresas nesse ramo na cidade; a maioria se posicionou no entorno da Excellence.
Em busca de mais independência para fazer o que gosta, flexibilidade no trabalho e espaço para novas ideias, muitos universitários estão trocando o sonho do emprego formal pelo desejo de se arriscarem como empreendedores. A ideia de estabilidade e de plano de carreira em um emprego para a vida toda podia fazer a cabeça de quem se formou há 20 anos, mas hoje 82% dos estudantes querem mais é ter uma empresa para chamar de sua.
O número é da pesquisa feita recentemente com 8.170 estudantes de várias áreas do conhecimento elaborada pela rede ibero-americana de colaboração universitária Universia e pelo portal Trabalhando.com. Foram ouvidos universitários do Brasil e de mais oito países. O desejo por liberdade e a vontade de poder trabalhar com o que mais gostam estão entre os motivos de quem quer seguir "carreira solo" (confira outros dados do estudo abaixo).
Por que chegar para trabalhar às 9 horas e sair às 18 horas do mesmo lugar todos os dias? Essa é a pergunta que os universitários entrevistados estão se fazendo, segundo a coordenadora de conteúdo do Universia, Alexsandra Bentemuller. "Eles querem inovar sem barreiras burocráticas e se mostram bons empreendedores porque sabem questionar e não estão presos a ideias antigas", conta.
A história se confirma em sala de aula, conforme a professora de Empreendedorismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Marilisa do Rocio Oliveira. "Os estudantes querem gerar novas formas de produção, novos produtos, ter oportunidade de se expressar e apresentar suas ideias", diz. Ela acredita que o fato de o jovem de hoje ser mais propenso ao risco facilita esse comportamento empreendedor. "Ele tem mais acesso à informação, acompanha a mudança global, não se contenta por muito tempo com as novidades de mercado e está sempre em busca de algo diferente", afirma.
Inquietação
Essas características levam a uma inquietação com postos de trabalho e, às vezes, até mesmo com os empreendimentos. O professor da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Marciano Cunha conta que é comum o jovem empreendedor se lançar em vários projetos diferentes. "Essa geração não faz o que não gosta e o que não der prazer imediato. Ela automaticamente abandona. Há empreendedores com quatro, cinco negócios. Abre um, se sente aprisionado, vende, abre outro. O que gera receita também com a comercialização", diz.
Ganhando o mundo
Letícia Akemi
Em um dia, ele sai de Curitiba para visitar uma faculdade em Cascavel, no Oeste. No outro, gerencia um projeto em uma universidade de São Paulo e, na sequência, parte para a Itália, onde encontrará lideranças da Rede Marista na Europa. Tudo começou na biblioteca da PUCPR, mas o sistema de informática que Marcos Rogério de Souza (foto), 45 anos, desenvolveu quando ainda era universitário de Ciência da Computação fez com que ele ganhasse o mundo. Gerente do Pérgamun, sistema de automação para centros de informação da PUCPR, Marcos sempre encarou seus sistemas como um desafio pessoal. "Eu nunca pensei em dinheiro. Queria mesmo era ver as coisas funcionando. Começou com uma ideia que tive no estágio, que virou TCC e hoje atendemos 30 países", conta.
Para se aventurar
Confira algumas recomendações para quem se interessa pela carreira empreendedora:
>>> Esteja atento ao contexto nacional e internacional, faça leituras do que está ao seu redor para observar tendências e questões sociais, políticas e ambientais que podem render um insight de negócio.
>>> Um empreendimento tem de ter repercussão social para dar certo. Procure ser bem relacionado e investir na comunicação das suas ideias.
>>> Procure deixar as decisões conservadoras de lado e assumir uma postura mais despojada e aberta para o novo. Romper com rotinas também ajuda na criatividade.
>>> Desenvolva uma capacidade analítica, sendo capaz de decompor a realidade em partes para analisá-las separadamente, sem perder a visão do todo.
>>> Procure espaços que incentivam o empreendedorismo dentro e fora da universidade. Não deixe de procurar os professores, que podem apoiar e fundamentar os projetos.
Fonte: Marciano Cunha, professor da PUCPR.