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Integrantes do movimeno negro comemoram a decisão a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) de restituir as cotas para negros nos vestibulares da instituição | Josué Teixeira/Agência de Notícias Gazeta do Povo
Integrantes do movimeno negro comemoram a decisão a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) de restituir as cotas para negros nos vestibulares da instituição| Foto: Josué Teixeira/Agência de Notícias Gazeta do Povo

Contrariando a decisão que extinguia as cotas raciais do vestibular, o Conselho da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) voltou atrás e decidiu manter as cotas para negros por mais oito anos. A mudança aconteceu depois que estudantes e integrantes do movimento negro dos Campos Gerais se reuniram em frente à reitoria para protestar.

Na última semana, o Conselho Universitário tinha provado novas medidas para a política de cotas da instituição. Entre as alterações estava a extinção das vagas destinadas a alunos negros oriundos de escola pública. A decisão não agradou estudantes e integrantes do Instituto Sorriso Negro, que se organizaram para protestar.

Na manhã desta segunda-feira (3), os manifestantes ocuparam a reitoria pedindo vistas ao sistema de cotas aprovado pela Universidade. "Descobrimos que haveria reunião do Conselho hoje e nos organizamos na ideia de que esse seria apenas o primeiro passo", conta o professor Carlos Alberto Rodrigues de Souza, integrante do Instituto Sorriso Negro, dos Campos Gerais.

Sob gritos de ordem e faixas, os conselheiros aceitaram rediscutir as medidas aprovadas. Depois de muita discussão e opiniões diversas entre os membros do conselho, uma primeira votação determinou, de forma unânime, a volta das cotas para negros nos vestibulares da UEPG.

Em um segundo momento, os conselheiros decidiram pelo formato em que as cotas raciais seriam disponibilizadas. A proposta aprovada foi a mesma apresentada na primeira reunião pela professora-relatora e pró-reitora, Graciete Góes. "Não vejo problema em rediscutir uma medida. O que é importante acrescentar é que essa participação da comunidade é sempre importante e não apenas em momentos específicos".

Desta forma, a universidade passa a oferecer 50% das vagas para candidatos do sistema universal e 50% para candidatos ao sistema de cotas, sendo 40% para alunos do ensino fundamental e médio de escola pública e 10% para alunos negros de escolas pública. Outra mudança, é o formato de inclusão desses alunos. Antes, o candidato de cotas raciais passava por uma Banca de Constatação. Nesse sistema aprovado hoje, passa a valer a autodeclaração étnico-racial, em que o candidato se declara negro. O conselho determinou que a porcentagem ofertada às cotas seja decrescente. Ou seja, a cada ano, o percentual de vagas para cotistas deve ser reduzido em 5% até que chegue ao piso de 35%. A medida entra em vigor nos concursos vestibulares de 2014 para ingressos em 2015 e tem duração de oito anos. A partir do quarto ano de implantação, os percentuais podem ser rediscutidos. A decisão foi comemorada pelos manifestantes. "Hoje provamos que quando existe um movimento organizado e que cobra é possível mudar questões importantes", declara Leonardo Godoy, integrante do Movimento Estudantil.

Para o professor Carlos Alberto Rodrigues de Souza, o retorno das cotas raciais nos vestibulares da UEPG é apenas mais um passo na discussão da igualdade racial. "Temos que continuar essa luta. Nós podemos fazer a diferença como foi feito hoje. Essas pessoas hoje aqui ajudaram a reescrever a história do Brasil e de Ponta Grossa", finaliza.

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