Além do papel formador, as universidades desempenham uma função social que aproxima a comunidade do que é produzido e aprendido no ambiente acadêmico. Estudantes e professores colocam a teoria em prática e fazem com que os câmpus se tornem centros de serviços para a população. A partir do auxílio prestado, o aluno tem a oportunidade de vivenciar a realidade da profissão e perceber o quanto a área de formação escolhida interfere no dia a dia da sociedade.
Os serviços prestados variam de acordo com a instituição vão do atendimento médico e odontológico até a consultoria em Direito, Engenharia, Arquitetura e Moda. Algumas dessas atividades fazem parte do currículo obrigatório do curso; outras funcionam como estágio voluntário.
Em Odontologia, por exemplo, os alunos têm aulas na clínica desde os primeiros semestres do curso para praticar em um paciente o que aprendem em aula. A escolha de quem será atendido costuma passar por algumas etapas. Interessados devem entrar em contato com a instituição e se cadastrar. Uma triagem identifica o problema a ser tratado e encaminha o paciente aos alunos já aptos com aquela especialidade.
O coordenador do curso de Odontologia da Universidade Positivo, Flares Baratto Filho, explica que qualquer pessoa pode procurar atendimento na clínica da instituição. No entanto, a comprovação de baixa renda pode ser um parâmetro de seleção em alguns serviços, conforme os cursos e as universidades.
Para os professores, o contato com outras realidades econômicas e sociais faz com que o estudante tenha uma formação completa. "Muitas vezes, ele [estudante] não faz ideia do abismo social que existe entre a sua realidade e a que o paciente vive. Vê-la pode despertar a vontade de trabalhar com isso depois. É isso que queremos, que os estudantes devolvam à sociedade o benefício que tiveram de cursar o ensino superior", diz a pró-reitora de Promoção Humana da Universidade Tuiuti do Paraná, Ana Margarida Taborda.
Com supervisão
O serviço prestado por universitários deve ter a mesma qualidade do oferecido no mercado. Todo atendimento à comunidade, em qualquer área, deve ter a supervisão de um professor. Portanto, o aluno nunca prescreverá uma receita ou assinará um projeto. Esse papel caberá ao docente, que, além de ser um profissional formado, costuma ter alto grau de qualificação.
Independentemente da participação do professor, as clínicas e escritórios das faculdades costumam ser uma grande laboratório para o acadêmico. "Essa visão ampla, que leva em conta várias áreas de conhecimento e junta conceitos de várias disciplinas, é fundamental para quebrar aquela ansiedade e certo receio que o estudante tem de colocar a mão na massa pela primeira vez", comenta a coordenadora de Extensão da Faculdade Evangélica do Paraná, Denise Machado.
Extensão também faz ponte com o exterior
As clínicas e os escritórios dos cursos não são as únicas fontes de contato do aluno com a comunidade. Projetos de extensão também permitem que ideias que nascem em sala de aula sejam aplicadas na prática. Eles não chegam a ser obrigatórios e costumam ter duração variada de um semestre a até cinco anos. Na extensão, o estudante atua fora da universidade, em escolas, hospitais ou populações isoladas.
Segundo a coordenadora de Extensão da UFPR, Nádia Gonçalves, a proposta é levar desenvolvimento ou solucionar problemas da população, sem a ideia de que a universidade é superiora e salvadora. Há uma troca de conhecimento entre os estudantes e as pessoas que recebem o serviço. "Percebemos que a maior satisfação [dos alunos] é ser útil para outra pessoa e ter uma vivência em um espaço diferente [do ambiente acadêmico]."
Outra vantagem da extensão é incrementar o currículo. Empresas valorizam o aluno que se dedica a projetos externos e financiadoras de programas de pós-graduação cobram que as universidades invistam neles. "A Capes hoje exige que os programas de mestrado e doutorado desenvolvam responsabilidade social. Se o aluno se interessa por isso, são mais pontos que ele ganha para entrar nesses programas", comenta Nádia.
Prática serve como "prova de fogo"
O serviço prestado pelos universitários à comunidade pode servir de "prova de fogo" a quem está em dúvida quanto à escolha do curso. Próximo da realidade da profissão, o jovem tem a chance de perceber se tem vocação e se é aquilo que deseja seguir. "Esse contato pode ser positivo ou negativo, pois o estudante pode reafirmar sua escolha ou descobrir que não nasceu para aquilo. Muita gente só descobre isso quando parte para os atendimentos", diz a coordenadora de Extensão da Faculdade Evangélica do Paraná, Denise Machado.
O atendimento dentro da universidade também pode levar o aluno a descobrir outras habilidades, ajudando-o a decidir qual caminho seguir após a formatura. Quando começou a atender pacientes na clínica-escola de Psicologia da Universidade Positivo, a formanda Monik Cardoso ganhou uma nova visão de mundo. "Entramos em contato com pacientes de vários níveis de escolaridade e socioeconômicos e passamos a ter sobre eles um novo olhar. É um crescimento pessoal muito grande", conta.
Quais as maiores lições que você tirou de serviços que prestou à comunidade durante a faculdade? Deixe seu depoimento!