A prática é indispensável para os cursos de saúde. Não há teoria que funcione se o aluno de Medicina, Odontologia, Farmácia, Nutrição, Enfermagem, Fisioterapia e Psicologia não tiver contato com o paciente. Para isso, os hospitais universitários são a grande escola de quem escolheu a área. A Gazeta do Povo levantou quais são os principais do Paraná, seus serviços de referência e os desafios que enfrentam.
Hospital de Clínicas
Referência nacional e internacional em serviços como neurocirurgia, cardiologia, transplante de medula óssea e de fígado, o Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) é o maior do estado. São mil estudantes de graduação e quase 400 de residência por ano a passarem por seus corredores, acompanhando professores de todas as áreas da saúde.
O HC oferece 45 programas de residência, todos concorridos, com cerca de 25 a 30 candidatos por vaga. "A instituição foi criada para formar pessoas e, por isso, temos a docência como algo muito arraigado", comenta o diretor de Ensino, Pesquisa e Extensão do hospital, Angelo Luiz Tesser.
O hospital atende apenas pacientes do SUS são mais de mil por dia e por isso passa por problemas comuns ao sistema público, como falta de leitos, de material e de equipamento. É muito difícil pela falta de recurso financeiro e burocracia conseguir rapidamente algum equipamento novo e moderno. Mas o problema com a estrutura é compensado pela qualidade dos profissionais e por oferecer ao aluno contato com todo tipo de paciente, de classes sociais bem diferentes.
A maternidade Victor Ferreira do Amaral também é um hospital universitário vinculado à UFPR. Por lá passam tanto alunos de graduação quanto de residência, mas só na área de ginecologia e obstetrícia.
Hospital Cajuru
O Hospital Universitário Cajuru, que é da PUCPR, tem uma grande circulação de acadêmicos. São 1.113 de Medicina e 2.471 de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Radiologia e Serviço Social. Sem contar os 115 residentes e 32 ingressos nos cursos de especialização. É, de acordo com a diretora, Simonne Simioli, a maior referência em trauma do estado. Por isso, as áreas mais procuradas para a residência são Ortopedia, Cirurgia Geral e Neurocirurgia.
O Cajuru é um hospital privado com cunho filantrópico e, por isso, assim como o HC, atende apenas pacientes do SUS e sofre com os mesmos problemas. Para cada R$ 1 por paciente, apenas R$ 0,65 é coberto pelo governo. Porém, Simonne acredita que existe uma grande compensação, que é o corpo clínico. "Muitos médicos, além de professores, integram sociedades médicas importantes".
Além do Cajuru, os estudantes da PUCPR também atendem na Santa Casa de Misericórdia de Curitiba.
Interior
Fora de Curitiba, existem três grandes hospitais de ensino, o Hospital Universitário do Oeste do Paraná, da Unioeste, em Cascavel, o Hospital Universitário da UEL (HUL) e o Hospital Universitário Regional de Maringá da UEM (HUM). Em 2012, os três receberam cerca de 1.200 acadêmicos e ofereceram outras 355 vagas em residências. Como outros hospitais públicos, os três apresentam problemas sérios como escassez de leitos de UTI, salas de cirurgia fechadas, leitos desativados, superlotação de prontos-socorros (PS), déficit orçamentário e de recursos humanos.
Em Londrina, o HUL centraliza os atendimentos do SUS e, por isso, sofre especialmente pela falta de reformas e de funcionários. Já o HUM é referência em intoxicações e faz parte da rede Nacional de Informações nessa área. Como o HU de Londrina, o HUM necessita de investimentos para expansão e compra de novos equipamentos. O hospital da Unioeste é referência no atendimento de queimaduras graves. A unidade espera a liberação de R$ 400 mil do governo do estado para ter novas salas de cirurgia.
Evangélico
O Hospital Evangélico, vinculado à Faculdade Evangélica do Paraná (Fepar), está entre os maiores e mais importantes de Curitiba. A unidade de saúde oferece 25 especialidades de residência médica. No ano passado, foram 900 candidatos para 68 vagas. As residências mais procuradas atualmente são as de Otorrinolaringologia e Dermatologia. "Em geral, todas são bastante concorridas, o aumento do interesse por algumas delas é bastante sazonal", explicou Flamarion dos Santos Batista, presidente da comissão de residência médica do hospital. A prova de seleção para o ingresso à residência é unificada com o exame aplicado pela Associação Médica do Paraná.
Os residentes atendem pacientes do SUS provenientes de Curitiba, do interior e de outros estados. "Como temos um serviço de referência, a procura pelo Evangélico é grande. Com isso, os residentes têm a oportunidade de aprender a tratar com sucesso uma diversidade muito grande de patologias", disse Flamarion.
O Evangélico também é o ambiente de práticas de alunos de outros cursos da Fepar, como os de Enfermagem, Fisioterapia e Nutrição.
* Colaboraram Bruna Komarchesqui e Denise Drechsel