Uma notícia vinda do outro lado do globo chamou atenção de muita gente no começo deste mês: enquanto estudam, jovens que se preparam para o vestibular na China injetam soro com aminoácidos na veia para melhorar o aprendizado e manter a atenção e a concentração por mais tempo. No Brasil, os estudantes não chegam a esse ponto, mas são adeptos de bebidas estimulantes como café, guaraná em pó e energéticos para aguentar as muitas horas na frente de livros e apostilas, seja no cursinho ou na universidade.
O que proporciona esse efeito de alerta e disposição é a cafeína, presente nas três bebidas mais consumidas pelos brasileiros. Contudo, assim como ela mostra-se aliada dos jovens para mantê-los acordados e dispostos a memorizar e aprender, a cafeína também pode se tornar vilã. Médicos alertam que, se consumida diariamente ou em excesso, a substância pode causar problemas como gastrite, tremores no corpo, dor de cabeça, irritação e agitação.
Limite
A médica do Hospital Universitário Cajuru Maria Inês Ramina explica que existe uma quantidade diária limite, que é de 400 miligramas de cafeína para um homem adulto o equivalente a cinco latas de energético ou cinco xícaras grandes de café. "Claro que essas medidas variam de acordo com o organismo da pessoa e o quanto ela é sensível à cafeína. Alguns podem tomar uma xícara de café e fazer mal, outros podem tomar muito mais e não fazer qualquer efeito."
Para o vestibulando Paulo Luiz Teixeira da Silva Filho, que vai tentar uma vaga no curso de Formação de Oficiais, uma xícara de café ou um copo de leite com guaraná em pó é o suficiente para manter o pique. "Bebo todos os dias porque preciso estudar à noite. É o tempo que tenho. Se não for assim, eu durmo. Mas também sei que não posso abusar. Se passar des-sa quantidade eu sinto azia."
Porém, mesmo que a quantidade seja pequena, o uso diário pode causar dependência. Por isso, a indicação é que essas bebidas, principalmente o guaraná e o energético, sejam usadas apenas algumas vezes durante o ano, em épocas que o aluno realmente precisar reforçar os estudos. "Se ele estiver em semana de prova, por exemplo, pode usar, pois depois passará dias sem e vai conseguir descansar da estimulação que o corpo sofreu com a bebida", diz o professor de Neurofisiologia da Faculdade Dom Bosco Cezar Natal, que já deu aulas em cursinho.