O rótulo de juventude apática e desmobilizada não condiz com os estudantes de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Depois de um debate acalorado que lotou o Salão Nobre do Prédio Histórico e de uma eleição com mais de 600 votos, o Centro Acadêmico Hugo Simas (Cahs) uma das mais tradicionais entidades estudantis, fundada em 1931 terá nova liderança a partir da próxima semana. Por uma diferença de 85 votos, o Partido Acadêmico Renovador (PAR) venceu o Partido Democrático Universitário (PDU). Ao longo dos 80 anos do Cahs, partidos se alternaram na gestão e a conquista do centro acadêmico nunca foi fácil.
Tanta disputa demonstra o apego dos estudantes à entidade que os representa e à sua história. "O Cahs [os membros] já sofreu represálias do governo e até ameaças de prisão. Existia uma fiscalização muito forte de instituições que emitiam opinião, que teriam capacidade de promover os chamados movimentos subversivos", relembra o coordenador do curso, Rodrigo Kanayama.
Ditadura
Nos tempos de ditadura um dos fatores que ajudou o Cahs a sobreviver foi o registro formal como pessoa jurídica, feito em 1948. Com a democracia, não há mais necessidade de lutar contra a ordem vigente, mas é um erro pensar que a importância da instituição diminuiu.
De acordo com Kanayama, assim como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o centro acadêmico apenas mudou seu foco de atuação. Hoje é responsável por expor as demandas dos estudantes, fazer eventos, exigir melhorias no ensino, pesquisa e extensão e levar conhecimento para a sociedade. "Eles são responsáveis por um papel social bastante forte de conscientização e eventualmente de lideranças estudantis, de criar movimentos", diz o coordenador.
Hora de despertar afinidades políticas
Os partidos estudantis que disputam o Centro Acadêmico Hugo Simas (Cahs) não devem sofrer influência externa. Contudo, a vivência adquirida na faculdade de Direito já revelou a vocação de alguns ex-alunos com a política, como o senador e ex-governador Roberto Requião e o ex-deputado Gustavo Fruet.
O engajamento estudantil geralmente começa no final do primeiro ano, depois que o aluno conhece o perfil dos partidos acadêmicos. Os estudantes não são obrigados a participar, mas é neste momento que eles acabam demonstrando mais afinidade com ideais de esquerda ou de direita.
Universitários ligados a diferentes áreas do conhecimento participam de centros e diretórios acadêmicos, porém, são os alunos de cursos de Humanas que, geralmente, mostram-se mais engajados. "Estudantes de Direito são mais mobilizados porque nós temos alguns instrumentos diferentes dos demais, como o acesso aos poderes do Estado, especialmente o Judiciário. Mas consciência política existe em todos os cursos", afirma o coordenador do curso de Direito da UFPR, Rodrigo Kanayama.
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