• Carregando...

Para experimentar

Com a ajuda de alguns leitores, fizemos uma lista de canções recomendadas do sertanejo universitário. Se tiver outras sugestões, comente abaixo!

Seu astral, Jorge & Matheus

Nega, Luan Santana

Boa sorte para você, Victor & Leo

Ai que dó, Thaeme & Thiago

Tô passando mal, Fernando e Sorocaba

Meu coração pede carona, João Neto & Frederico

Tarde demais, César Menotti & Fabiano

O troco, Maria Cecília & Rodolfo

Amar não é pecado, Luan Santana

Vida bandida, Téo & Edu

 |

O efeito Teló nas mídias sociais

Divulgação

A febre do "Ai se Eu te Pego" do cantor sertanejo universitário Michel Teló (foto) ainda não passou e é difícil não ser assaltado pela música nas lojas, televisão, festas, jogos de futebol. E a letra gruda mesmo – uma tortura para quem não gosta do gênero ou acha que o cantor põe em perigo a qualidade do estilo. Nesse clima, os comentários nas mídias sociais sobre o cantor e o gênero musical são de rolar de rir. Entre as piadas que circulam na rede está a de Dimitris Guimarães de Toledo, pelo Facebook: "O sertanejo é universitário... imagina quando o funk terminar o 1º grau!". Também no Facebook, Chico Valiente Farro atesta: "Michel Teló acaba de ser versionado [sic] para o japonês! Será o primeiro sertanejo universitário a fazer pós no Japão"... e por aí vai.

Já passou o tempo em que muitos falavam em voz baixa para admitir o gosto pela música sertaneja. Hoje não apreciar ou desconhecer o gênero pode ser considerado uma alienação – ainda que muita gente não goste dele. Essa mudança se deu principalmente graças ao famoso sertanejo "universitário". Como a história do ovo e da galinha, não se sabe se a alcunha surgiu em consequência de um estilo consagrado entre os jovens nos últimos anos ou se nasceu por motivos comerciais, para brecar preconceitos, e "pegou". Seja como for, o sertanejo universitário se consolidou, mas não se sabe quanto tempo vai durar entre os hits de sucesso.

A etiqueta de "universitário" ao sertanejo é típica das regiões Sul e Sudeste, não adotada no Nordeste, conta Felipe Trotta, pesquisador de Música e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). "Ainda é cedo e não existem pesquisas que apontem se esse rótulo nasceu só para facilitar a venda do estilo ou se tem outras causas, como a entrada nas universidades de pessoas do interior", comenta o pesquisador. "Mas claramente o título 'universitário' mexe na posição de status. Com isso, o sertanejo deixou de ser um gosto envergonhado", acrescenta.

A meta de ultrapassar os muros das universidades também fez com que esse tipo de sertanejo se misturasse a outros estilos que deram certo entre os jovens, como o pop internacional. "É só reparar: Justin Bieber e Luan Santana têm propostas estéticas muito parecidas. É uma verdadeira filiação em sentido visual, temático e na ambientação instrumental", aponta Trotta.

Diferenças

O sertanejo universitário, ao mesmo tempo, é muito mais confiante que o velho sertanejo "de raiz", analisa Gustavo Alonso, historiador, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor de tese sobre a música sertaneja. Ao contrário do que acontecia nos grupos sertanejos das décadas de 1980 e 1990, os cantores atuais têm orgulho da sua origem rural. A guitarra elétrica volta a conviver com a sanfona e o violão. Os temas das canções continuam a ser sexo e amor, mas, ao contrário das últimas décadas, o sertanejo universitário é otimista. Os protagonistas são verdadeiros galãs rurais vitoriosos em meio urbano.

"A poética muda no sertanejo universitário. As letras de corno, pessimistas e de fracasso são substituídas pelo 'vamos ser felizes' ou na linha da autoconfiança quase pedante do 'tô nem aí para você'", aponta Alonso.

A dúvida agora é se o sertanejo "universitário" veio para ficar. É preciso esperar. "É impossível dizer o que vai acontecer no futuro. Seja como for não dá para desprezá-­lo. O sertanejo universitário faz parte de um movimento cultural que diz algo sobre o Brasil de hoje", considera Alonso.

Definição de qualidade tem muitas variáveis

Poucos acordes, letra romântica, um refrão que se repete e... fim. Essa é a fórmula de grande parte das canções do sertanejo universitário. A ausência de sofisticação, no entanto, não é sinônimo de falta de qualidade, acredita o pesquisador Felipe Trotta. Tudo depende dos critérios adotados.

"É comum que algumas pessoas tendam a qualificar uma canção, seja ela qual for, de acordo com a sua proximidade ao estilo erudito. Estudos com música folclórica brasileira, no entanto, conseguiram neutralizar a ideia de que ter qualidade é verificar a presença de dissonâncias, de complexidades na melodia e outros parâmetros do gênero. Existem outros fatores que podem classificar uma música como boa ou não, como o apelo à dança ou ao canto e a capacidade de identificação popular", considera Trotta. "Há canções harmonicamente muito simples que alcançam uma empatia grande com o público", acrescenta.

Comercial

Nem mesmo a característica de ser um estilo de música "comercial" pode reduzir o mérito de algumas canções. "Quem diz que música 'comercial' não tem valor mistura conceitos muito diferentes. Existiu grupo mais comercial que os Beatles?", brinca Gustavo Alonso, historiador e professor da UFF.

Os dois pesquisadores acreditam, no entanto, que é temerário dizer que todas as músicas do sertanejo universitário têm qualidade. "Como em qualquer gênero, há composições muito diferentes e nem todas podem ser consideradas da mesma forma", diz Trotta.

>>> O que você acha do sertanejo universitário? É um estilo que veio para ficar? Deixe o seu comentário!

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]