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Leia entrevista com Lourenço Chacon, doutor em Linguística e coordenador do grupo de pesquisa Estudos sobre a Linguagem (GPEL), que reúne pesquisadores e estudantes dos campos da Linguística, Fonoaudiologia e Pedagogia de diferentes cidades do Brasil.

Como eram feitas as reuniões do seu grupo de estudos antes de haver o acesso à internet?

O grupo iniciou suas atividades no final de 1999 com dois professores universitários nos papéis de coordenador e vice-coordenador e mais quatro estudantes de iniciação científica. A sede do GPEL é a Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista [Unesp], câmpus de Marília, onde moro. Em mais ou menos três anos, o GPEL já contava com cerca de 30 integrantes desses dois campi da Unesp [Marília e São José do Rio Preto]. Até 2007, nossas reuniões eram mensais, aos sábados, durante todo o dia. O problema era que os integrantes de São José do Rio Preto tinham que se deslocar 400 quilômetros – entre ida e volta – por uma estrada federal muito perigosa. Esse deslocamento tinha um custo pessoal e operacional muito grande. Muito cansaço com as viagens, perigos na estrada e faltas às reuniões. Alguns dos participantes, que concluíram seus doutorados, prestaram concursos em diferentes instituições. Passamos a ter pesquisadores em Marília, São José do Rio Preto, Maringá, Brasília e Salvador. Desse modo, ou a gente passava a usar a criatividade e as tecnologias, ou, literalmente, toda a produção conquistada em anos poderia se perder.

Como encontraram uma solução para esses problemas?

Foi quando iniciamos o trabalho com o serviço de videoconferência da Unesp em conexões entre Marília e São José do Rio Preto. Os demais pesquisadores que não estavam nessas duas cidades começaram a participar via Skype. No início, foi difícil mudarmos nossa sistemática de reunião e nos adaptarmos a uma verdadeira "confusão" tecnológica, já que pessoas em diferentes lugares e em diferentes formas de contato precisavam se sentir todas, e igualmente, integradas. Em 2011, o serviço de videoconferência passou a possibilitar uma conexão entre quatro diferentes pontos de pesquisadores do GPEL. Assim, as conexões entre Marília, São José do Rio Preto, Maringá e Salvador começaram a se dar pelo serviço de videoconferência, possibilitando, inclusive, a visão em uma mesma tela dos quatro agrupamentos de pesquisadores, bem como de seus orientandos de iniciação científica, mestrado e doutorado. Uma revolução! Os pesquisadores e estudantes das demais cidades passaram a se juntar às reuniões via Skype.

Só há vantagens com os novos recursos ou algo se perdeu? Há alguma desvantagem nas reuniões virtuais?

As vantagens, certamente, são bem mais numerosas do que as desvantagens. A principal vantagem é a conexão simultânea de 40 ou 50 pessoas por diferentes meios de integração virtual. Também é vantagem a própria continuidade das atividades e do crescimento do GPEL. Sem esses recursos, o GPEL não se desenvolveria porque, com a ida dos pesquisadores para diferentes cidades em diferentes estados, o grupo perderia sua própria identidade. Quanto às desvantagens, só vejo as eventuais quedas de conexão e a perda os happy hours entre os integrantes após as sempre muito cansativas tardes de estudo e discussão. Eram muito boas essas saídas, pois, além de aliviarem o cansaço, reforçavam laços pessoais, que são importantes para a manutenção de uma boa relação de trabalho.

Com essas ferramentas, os estudantes se comunicam mais?

Os estudantes se comunicam ainda mais e melhor. Além das reuniões, os diferentes grupos de trabalho se comunicam por meio de e-mails coletivos, fazem backup de seus trabalhos conjuntos em programas como o Skydrive e agilizam a escrita de trabalhos conjuntos estando em lugares fisicamente diferentes. O que eu sempre procuro manter, presencialmente, são grupos de pessoas que trabalham juntas em uma mesma cidade e intercâmbios entre grupos de diferentes cidades. Isso não apenas entre os pesquisadores, mas, principalmente, entre os estudantes. Mesmo as relações pessoais acabaram por se constituir de outra maneira, já que, pelo serviço de videoconferência da Unesp e pelo Skype, as pessoas procuram interagir entre elas também para conversas coloquiais, brincadeiras, planos comuns etc. e não só para discutirem questões acadêmicas.

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