O ano letivo começou, mas nem por isso as universidades públicas conseguiram preencher todas as vagas disponíveis no quadro acadêmico. A abertura de editais com oportunidades para pessoas formadas tem sido uma forma encontrada pelas instituições para garantir o maior aproveitamento possível de suas estruturas. Mesmo sem fazer o vestibular ou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aqueles que já passaram por uma graduação têm a chance de retomar os estudos.
Em Apucarana, no Norte do estado, o câmpus da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), ofertou neste ano 139 vagas desse tipo em sete cursos. Segundo a responsável pelo setor de Divisão de Graduação da unidade, Lindinalva Rocha de Souza, as vagas remanescentes são resultado de evasões, em geral, após o primeiro ano de curso. "Eram de alunos que não fizeram rematrícula neste ano. Com o chamamento, o portador de diploma ingressa a partir do segundo ano e elimina as matérias que cursou antes", explica. Quando o novo aluno ingressa em uma área totalmente distinta da cursada anteriormente, são feitas adaptações.
Mesmo com essa possibilidade, a última convocação da Unespar em Apucarana só teve o aproveitamento de 40 vagas por quem já tem ensino superior. Os cursos de Turismo e Secretariado Executivo Trilíngue estão entre as graduações com a menor procura. "Isso é algo que acontece no país todo com estes cursos", avalia Lindinalva. Ela pontua que a universidade estuda fazer novas convocações ao longo do ano.
Otimização
Na Universidade Estadual de Londrina (UEL), a situação é um pouco diferente, segundo a coordenadora de Graduação, Maria Helena Guariente. Em um primeiro momento, a instituição abriu 578 vagas não ocupadas por candidatos do último vestibular para quem teve pontuação no Enem igual ou superior a 400 pontos. As vagas restantes foram oferecidas em edital para já graduados, com ingresso na primeira série do curso. "Buscamos otimizar tudo, mas isso varia de curso para curso. As licenciaturas, por exemplo, têm tido um histórico de vagas remanescentes", observa Maria Helena. Até o fim de janeiro, de 44 vagas oferecidas em um dos editais lançados, 25 haviam sido preenchidas.
Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), para ocupar uma vaga sem passar pelo vestibular ou Enem, quem já tem diploma deve estar formado há mais de dois anos e ter no currículo o maior número possível de disciplinas equivalentes à graduação pleiteada. A instituição, neste ano, ofertou 1.380 vagas remanescentes, sendo 165 para "veteranos". O número, analisa a responsável pelo Processo de Ocupação de Vagas Remanescentes (Provar) da instituição, Adriana Riechter, está dentro da média para um universo de 30 mil estudantes de graduação. Ao todo, 120 vagas foram preenchidas por portadores de diploma.
"Veterano" tem de eliminar disciplinas com equivalência
Ter diploma de nível superior nem sempre é garantia de que o candidato terá o pedido de vaga remanescente deferido pela instituição. O diretor de Assuntos Acadêmicos da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Elisiário Ribeiro Júnior, enfatiza que, na maioria dos casos, a graduação já cursada e o curso para o qual o candidato se inscreveu precisam ter ligação. Na universidade, o ingresso por essa modalidade costuma ser a partir do segundo ano de curso.
"Não preenchemos muitas vagas assim. Se a pessoa fez Direito e quer fazer Medicina, por exemplo, neste caso, não dá para eliminar 60% das matérias do primeiro ano", observa Júnior.
Ele comenta que neste ano foram abertas 1,4 mil vagas remanescentes em cursos presenciais, para ingresso a partir do segundo ano. Para início a partir do primeiro ano, foram oferecidas 1,3 mil oportunidades em cursos de educação a distância (Ead) e 60 vagas para Música, com ensino presencial.