A Universidade de São Paulo (USP) atrasou desde junho o pagamento de auxílios de pesquisa a 30 acadêmicos do Brasil e de outros países que fazem parte de um projeto da instituição, o Programa de Pesquisa nos Acervos da USP. Ao todo, a universidade deveria ter pago R$ 350 mil aos pesquisadores, mas até agora ninguém recebeu.

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O programa é de responsabilidade das pró-reitorias de Pesquisa, de Pós-Graduação e de Cultura e Extensão da USP e os auxílios serão pagos com orçamento da própria universidade. A proposta do edital, lançado em janeiro, é que os pesquisadores de nível de mestrado, doutorado e pós-doutorado pudessem realizar estudos nos cinco acervos da USP.

As atividades deveriam começar em junho deste ano e poderiam variar de 3 a 5 meses, para serem finalizadas até 30 de novembro. Como há vários pesquisadores que ainda não começaram por causa da não liberação da verba, não será possível finalizar os projetos no prazo previsto no edital do programa.

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A historiadora brasileira Ana Claudia Fonseca Brefe, de 46 anos, foi uma das prejudicadas. Ela mora há 15 anos na França, onde é pró-reitora de pesquisa da Universidade Paris 10, e foi uma das selecionadas no programa. "Adiantei do próprio bolso o valor da passagem e os custos de estadia, uma prática recorrente, queria cumprir prazos", diz. "O auxílio era para ter saído dia 1º de junho, mas nem explicam o motivo do atraso."

Ana Claudia já realizou seus estudos com acervo do Museu Paulista (o do Ipiranga) e voltou na sexta-feira para Paris. "Parece que estamos esmolando alguma coisa, mas eu fui selecionada pela qualidade do meu projeto. O que nos deixa surpreendidos é que não tem absolutamente nenhuma resposta de ninguém da USP."

Há outros pesquisadores renomados que já realizaram a pesquisa mesmo sem poder contar com os auxílios. Foi o caso de um professor de Literatura de Harvard, o mexicano Sergio Delgado Moya. Bolsista no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), Moya voltou aos Estados Unidos sem receber nada.

Burocracia

Uma pesquisadora de São Paulo, doutora pela USP, diz que até agora não teve nenhuma notícia de quando vai receber, apesar de ter entrado em contato com vários departamentos. "Me disseram que estava havendo problemas burocráticos alheios à USP e que a universidade entraria em contato quando fosse resolvido", explica ela, que pediu para não ser identificada. Com o atraso, ela resolveu começar a pesquisa neste mês. "É a primeira vez que vejo alguém ser aprovado no edital que universidade criou, tem projeto, e não sabe o que fazer."

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Questionada pela reportagem na sexta-feira, a USP informou que os pagamentos foram autorizados naquele dia. "Após receber informações detalhadas dos programas das referidas pró-reitorias e constatado fluxo de caixa positivo, foram autorizados os pagamentos."

Segundo nota da universidade, as pró-reitorias estabeleceram o programa baseando-se em seus orçamentos, mas "como o orçamento é uma previsão genérica, é necessária, para a feitura de pagamentos, a existência de fluxo de caixa". Segundo a USP informou, a maior integração entre as pró-reitorias e os órgãos centrais da USP, encarregados da administração e pagamentos, "eliminariam incômodos desse tipo".