Depois de um fim de semana cansativo, por causa da primeira fase do vestibular da UFPR, hoje é dia de curtir o feriado da Proclamação da República um descanso mais do que merecido, mas também uma boa oportunidade de relembrar o golpe militar que aconteceu em 1889 na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Segundo o professor de História Cleomar Rogério Daldegan, dos colégios Bom Jesus de Curitiba, os vestibulandos devem estudar principalmente a relação do processo abolicionista com o movimento republicano, a questão militar envolvida na proclamação e a participação popular (ou a falta dela) no movimento que levou ao fim do Império.
A Proclamação da República foi um golpe sem grandes resistências desencadeado por forças militares, graças a um longo desgaste do sistema imperial. Entre os principais fatores que provocaram a derrubada do Império, o movimento pela libertação dos escravos foi talvez um dos mais importantes. Daldegan explica que a economia brasileira passava por mudanças, com o crescimento da cafeicultura e o surgimento de um novo grupo econômico no campo. "Nas fazendas de café no oeste paulista usava-se o trabalho livre e assalariado. A escravidão vinha em declínio desde 1850 no Brasil, favorecendo a entrada de imigrantes", afirma. Por outro lado havia um grupo de fazendeiros pertencentes à aristocracia tradicional, que utilizava o trabalho escravo e apoiava o imperador.O processo de libertação dos escravos vinha sendo feito de forma gradativa, primeiro com a Lei Eusébio de Queiroz (1850), depois com a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1885). Em 1888 a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, libertando todos os negros. "Os fazendeiros estavam se organizando para absorver o trabalhador livre gradativamente. Com a Lei Áurea, eles perderam todos os escravos da noite para o dia e o governo perdeu o apoio desse setor, que era a sua grande base política", explica o professor.
A oposição ao Império também vinha das classes urbanas, que se desenvolveram com o processo de industrialização e buscavam ampliar a sua participação política por meio de uma nova forma de governo. Além disso, o Império começava a perder força junto à Igreja Católica e às forças armadas, especialmente após a Guerra do Paraguai (1864-1870). O exército não estava satisfeito com o tratamento recebido do governo central e acreditava que uma mudança de cenário só seria possível com maior participação política. "O exército considerava que na República poderia haver um espaço maior de participação", diz.