A Defensoria Pública Federal entrou ontem com uma ação civil pública na Justiça Federal do Rio de Janeiro pedindo a alteração da data de reaplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcada para a próxima quarta-feira, dia 15. André Ordacgy, autor da ação, diz que ao menos três razões justificam a liminar: 1) o exame foi remarcado para um dia útil, o que atrapalha candidatos que trabalham, 2) coincide com alguns vestibulares do país e 3) a comunicação com os alunos que terão direito à nova prova tem sido feita de maneira frágil, via telefone, SMS e e-mail. "Esperamos uma avaliação do juiz até segunda-feira", diz Ordacgy.A uma semana da prova, estudantes afirmam ter recebido poucas informações e se sentem prejudicados. As provas serão aplicadas em 17 estados; sendo seis cidades no Paraná (veja box). O Ministério da Educação (MEC) afirma que até a meia-noite de hoje todos os convocados serão comunicados. Quem não for contatado pelo órgão ficará de fora e ainda não há decisão sobre a possibilidade de recursos e contestações.
O MEC prevê que haja um pequeno aumento no número de estudantes que farão a nova prova a última estimativa era de que 2.817 alunos tinham sido prejudicados no teste do dia 6 de novembro. Entretanto, o ministério alega que pediu a impressão de 10 mil provas apenas por precaução. Todos os custos do novo exame serão assumidos pela gráfica responsável pelas falhas e estão dentro do montante total gasto pelo governo federal com o Enem, que é de R$ 128,5 milhões.
Ainda não há o número de convocados por estado. A prova será aplicada em cidades onde foram constatados problemas. Portanto, não haverá necessidade de deslocamento dos estudantes. Como o exame é na próxima semana, muitos alunos continuam ansiosos para saber se serão convocados ou não. Além da demora na comunicação, os alunos não sabem o que os fiscais de prova escreveram nas atas. E o MEC é claro ao afirmar que somente os candidatos que tiveram seu problema registrado no documento terão direito de refazer o teste. Os candidatos temem não serem chamados por erros dos próprios fiscais.
Transtornos
Alysson Gaya é um dos que se sentem injustiçados mesmo com a chance de refazer a prova. No dia do Enem, ele recebeu a prova amarela e sofreu todos os transtornos da desorganização dos fiscais. "Foi frustrante porque cheguei em casa naquele dia e fui pesquisar o que poderia fazer para reverter a situação." Além disso, a confusão do primeiro dia de prova impactou na execução da segunda prova. O vestibulando de Direito diz que perdeu o pique para refazer o Enem.
Já o estudante Guilherme Augusto Traiano Rieth, 17 anos, nem recebeu um comunicado do MEC e no site do ministério consta que ele não terá direito de refazer o exame. O jovem recebeu a prova amarela e os fiscais disseram que ele deveria responder às questões, mas, faltando meia hora para o final do exame, trocaram a sua prova e entregaram o caderno rosa. Guilherme já havia começado a preencher o gabarito e não teve tempo de resolver as questões que não estavam impressas no caderno amarelo. Ele tenta uma vaga em Publicidade e Propaganda na Universidade Federal do Paraná, o segundo curso mais concorrido da instituição.
A mãe, Jóylhiane Traiano, conta que o filho se prepara há anos para este momento. "Ele é um candidato com grandes chances de passar na Federal. Não estamos querendo privilégios e sim que o Guilherme apenas possa ter o direito de refazer o Enem", diz. A família vive momentos de tensão e já procurou um advogado para processar o MEC. Jóylhiane está unindo pais e estudantes que se sentiram prejudicados com o Enem. É possível entrar em contato com ela pelo e-mail joylhiane@hotmail.com.