O projeto do Corredor Cultural da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que prevê a revitalização do prédio histórico e da Reitoria da instituição, causa polêmica antes de estar definido. Pelo anteprojeto, apresentado aos acadêmicos e professores do curso de Direito há alguns dias, o edifício central da UFPR, localizado na Praça Santos Andrade, ganharia cinema/teatro, museu e cibercafé. O curso de Psicologia deve ser transferido para o novo prédio da UFPR no bairro Rebouças e a área do Direito ficaria na parte de fundos do prédio central, próxima à Rua Presidente Faria, por onde trafegam ônibus biarticulados, causando barulho e preocupação. As mudanças assustam acadêmicos e professores.O professor da Faculdade de Direito Egon Bockmann Moreira considera as demandas da universidade maiores do que a construção de um cinema ou um museu. "O prédio está em estado precário internamente. Até dois anos atrás, quando chovia entrava água. Os banheiros, por exemplo, são lastimáveis", afirma. Moreira defende apenas a destinação acadêmica para o prédio. "Para que inviabilizar recursos com entretenimento se existe necessidade de melhorar a infraestrutura da faculdade? Não se trata de um projeto digno de aplausos da comunidade acadêmica", critica.
Também professor da Faculdade de Direito da UFPR, Eroulths Cortiano Junior ressalta a necessidade de melhoria das instalações. "É preciso restaurar as salas de aula e manter a destinação do prédio. Não convém transformar a faculdade em um shopping center", reclama. A saída do curso do prédio histórico durante a obra é motivo de inquietação. "Apesar de o reitor [Zaki Akel Sobrinho] ter dito o contrário. Temos receio de o Direito não voltar para o edifício, palco de várias lutas e onde juristas, políticos e líderes foram formados", diz.
O período de obras, aliás, é a grande preocupação dos acadêmicos. "Na obra, defendemos a saída do curso como um todo. Quanto à biblioteca, é necessária sua permanência ao menos nas condições atuais", afirma Luís Henrique Accierini, presidente do Conselho de Representantes Discentes do Curso de Direito. Outras duas reivindicações foram feitas pelos estudantes: "O local provisório deve ter fácil acesso de transporte público e se localizar no centro da cidade", explica Accierini. Três comissões foram montadas pelos acadêmicos: uma analisa o Corredor Cultural; a segunda fará sugestões para o prédio histórico; e, por fim, discute-se o espaço provisório para o curso.