Fachada do prédio da UFPR na Santos Andrade: receio é que o curso de Direito não volte para o local depois das obras| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Outro lado

Para reitor, críticas nascem do desconhecimento

Os temores e críticas de acadêmicos e professores, na avaliação do reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, são fruto do desconhecimento a respeito do anteprojeto do Corredor Cultural. Até o momento, a instituição não sabe quanto será gasto com a implantação do Corredor Cultural – estima-se os custos entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões – e nem quando a obra terá início. Sem projeto definido, nem mesmo a licitação foi realizada. A intenção é iniciar as intervenções no fim de 2011, com prazo de duração de 12 a 18 meses. "Sempre há resistência às mudanças. Com o tempo, eles vão perceber a prioridade dada à academia. Não vamos piorar as condições do curso de Direito", afirma Akel.

Conforme o reitor, o prédio atualmente contempla espaços culturais. "Existem ensaios do Coral e da Orquestra, que atrapalham os estudos. Com a reforma, vamos poder isolar uma área da outra", diz. Pelo anteprojeto, parte das salas do curso de Direito – como já acontece hoje – devem permanecer próximas à Presidente Faria, mas o reitor promete a colocação de janelas duplas para propiciar isolamento acústico. "Qualquer sugestão apresentada será bem-vinda. A apresentação anterior abriu o debate sobre o projeto. Em breve, devemos marcar uma nova reunião com os acadêmicos e professores", diz Akel.

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O projeto do Corredor Cultural da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que prevê a revitalização do prédio histórico e da Reitoria da instituição, causa polêmica antes de estar definido. Pelo anteprojeto, apresentado aos acadêmicos e professores do curso de Direito há alguns dias, o edifício central da UFPR, localizado na Praça Santos Andrade, ganharia cinema/teatro, museu e cibercafé. O curso de Psicologia deve ser transferido para o novo prédio da UFPR no bairro Rebouças e a área do Direito ficaria na parte de fundos do prédio central, próxima à Rua Presidente Faria, por onde trafegam ônibus biarticulados, causando barulho e preocupação. As mudanças assustam acadêmicos e professores.O professor da Faculdade de Direito Egon Bockmann Moreira considera as demandas da universidade maiores do que a construção de um cinema ou um museu. "O prédio está em estado precário internamente. Até dois anos atrás, quando chovia entrava água. Os banheiros, por exemplo, são lastimáveis", afirma. Moreira defende apenas a destinação acadêmica para o prédio. "Para que inviabilizar recursos com entretenimento se existe necessidade de melhorar a infraestrutura da faculdade? Não se trata de um projeto digno de aplausos da comunidade acadêmica", critica.

Também professor da Facul­dade de Direito da UFPR, Eroulths Cortiano Junior ressalta a necessidade de melhoria das instalações. "É preciso restaurar as salas de aula e manter a destinação do prédio. Não convém transformar a faculdade em um shopping center", reclama. A saída do curso do prédio histórico durante a obra é motivo de inquietação. "Apesar de o reitor [Zaki Akel Sobrinho] ter dito o contrário. Temos receio de o Direito não voltar para o edifício, palco de várias lutas e onde juristas, políticos e líderes foram formados", diz.

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O período de obras, aliás, é a grande preocupação dos acadêmicos. "Na obra, defendemos a saída do curso como um todo. Quanto à biblioteca, é necessária sua permanência ao menos nas condições atuais", afirma Luís Henrique Accierini, presidente do Conselho de Representantes Discentes do Curso de Direito. Outras duas reivindicações foram feitas pelos estudantes: "O local provisório deve ter fácil acesso de transporte público e se localizar no centro da cidade", explica Accierini. Três comissões foram montadas pelos acadêmicos: uma analisa o Corredor Cultural; a segunda fará sugestões para o prédio histórico; e, por fim, discute-se o espaço provisório para o curso.