Antes tarde do que nunca

Banho de lama, faixa pendurada na frente de casa, trote de socialização com os veteranos e a ansiedade no primeiro dia de aula. Tudo isso faz parte das emoções de quem passa no vestibular, ou, pelo menos, de quem passa no vestibular nas primeiras chamadas. Com a caloura de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR)Yasmim Kubaski, 17 anos, que passou na terceira chamada com­­plementar, a história foi diferente.

A estudante entrou para a turma duas semanas depois do começo das aulas e teve de correr atrás do prejuízo. "É difícil porque eu perdi a apresentação dos professores, que na primeira semana marcaram trabalhos e provas. Na universidade, eles querem que o aluno seja mais independente e se vire sozinho, então estou correndo atrás de cadernos para copiar matérias e ver tudo o que foi passado", conta.

Sempre que um candidato que passou no vestibular não faz a matrícula, essa vaga fica disponível para quem ficou na lista de espera. Assim são formadas as chamadas complementares, até que se complete o máximo de vagas possível antes que 25% das aulas sejam dadas. Segundo o coordenador de Políticas de Acesso e Permanência da UFPR, Robson Tadeu Bolzon, as aulas que foram dadas antes do aluno de chamada complementar ter entrado na turma são contabilizadas como ausência. "Cada coordenador de curso pode avaliar caso a caso, por exemplo, se ao longo do ano o aluno tiver muitas faltas por uma doença ou motivo relevante, as faltas que ele recebeu antes de ter ingressado nas chamadas complementares podem ser negociadas", explica.

Tecnológica

Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), foram ofertadas 3.150 vagas, distribuídas em 82 cursos e em 12 cidades. O chefe do departamento de Processos Seletivos, Jair Almeida, conta que nas três primeiras chamadas feitas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Mi­­nistério da Educação, foram preenchidas 70% das vagas. "Depois, até a 15.ª chamada preenchemos mais 29,4%, totalizando uma ocupação de 99,4%", afirma.

Na UTFPR, o aluno não recebe falta nas aulas anteriores à sua matrícula, segundo Sônia Ana Leszczyns­ki, chefe do departamento de Educação. "A partir do momento do dia da matrícula, o aluno entra para o livro de chamadas e as aulas anteriores não são computadas como ausência" diz. Ela conta que o ideal é o aluno de chamadas complementares ser atendido por um colega que, co­­mo uma espécie de tutor, o ajude a recuperar as matérias perdidas e a se adaptar ao novo ambiente. "A ajuda dos pares é fundamental e incentivamos isso", conta Sônia.