Tudo que eles precisam é de uma chance de mostrar que podem ser tão bons quanto os outros para ocupar uma vaga na universidade. No Brasil, desde 1999, o artigo 27 do decreto 3.298 determina que instituições de ensino de todo o país sejam obrigadas a oferecer adaptações de provas e tempo adicional às pessoas com deficiência, dependendo das características de cada candidato. Isso no vestibular tradicional, independentemente das vagas especiais destinadas a essas pessoas.
Pessoas com necessidades especiais, que não são necessariamente frutos de uma deficiência, também têm o direito de ser atendidas devidamente enquanto prestam o vestibular. A garantia desse direito tem sido refletida nos números da inclusão no Ensino Superior. O número de pessoas com deficiências nas universidades aumentou quase 180% em cinco anos, principalmente nas instituições particulares, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Para uma prova ou ambiente diferenciado no dia do vestibular, o estudante deve, no momento da inscrição, apontar qual é o seu caso e do que precisa para a prova. "Tem candidato que, por mais que esteja bem claro no edital, não busca a banca especial, por desconhecimento, pois não leu as informações. Então, às vezes só vamos descobrir que o candidato tem alguma necessidade especial no dia da prova, quando já é tarde para o ajudarmos", explica Laura Ceretta Moreira, coordenadora do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais (Napne) da UFPR.
Na UFPR as bancas especiais existem desde 1981, e vêm evoluído ao longo do tempo, enquanto vão sendo reformuladas para atender os alunos. "Trabalhamos com uma heterogeneidade muito grande, então temos uma equipe que atende esses estudantes. Há pessoal para ajudar na leitura da prova, para adequar a sala. Esse é um trabalho que começa bem antes do dia da prova. Assim que recebemos as inscrições do vestibular entramos em contato com o aluno ou preparamos o que for necessário. No caso da surdez, por exemplo, temos intérpretes", explica Laura.
Além de facilitar o acesso das pessoas com alguma deficiência ou necessidade especial à universidade, medidas de acessibilidade como essas também têm impacto nos familiares e amigos dos estudantes, que muitas vezes não imaginavam que um dia os veriam no Ensino Superior. Wanda Camargo, presidente da Comissão de Processo Seletivo da UniBrasil, lembra da satisfação da família toda vez que um desses alunos é atendido. "É muito bom poder prestar esse serviço para o candidato que sem essa inclusão não teria acesso à faculdade. Isso é uma alegria para a família de cada um", diz.
Wanda lembra que já teve vários casos durante os processos seletivos, entre pessoas que estavam no hospital ou se recuperando em casa, em período de contágio de doenças infecciosas e com deficiências de todos os tipos. "Se o candidato tem um problema de visão, mas não é cego, imprimimos uma prova com uma letra muito maior e o colocamos em uma sala separada. Se é uma mãe que precisa amamentar, ela também tem um espaço para o bebê e seu acompanhante. E se alguém que não tem condições de escrever as respostas, uma pessoa ajuda a marcar as respostas no cartão", explica.