As 113 mil atas das salas de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médico (Enem) vão passar por um pente-fino para definir quem tem direito a uma nova prova. A informação foi prestada ontem pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, durante audiência na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, convocada para debater as falhas no concurso.A verificação das atas está sendo feita pelo consórcio Cespe/Cesgranrio, que aplicou a prova. "Se houver registro em ata que faltou cartão para substituir o que foi entregue ao aluno ou alguma ocorrência dessa natureza, tudo que for possível apurar objetivamente, vai ser considerado." Pelas estimativas do Ministério da Educação (MEC), cerca de 0,1% dos alunos que compareceram ao Enem terão de refazer as provas.
O ministro disse que ainda não decidiu o dia para reaplicação do exame aos candidatos afetados pela falhas do primeiro dia do concurso (no último dia 6), mas garantiu que a nova data será negociada com os reitores de universidades de acordo com os calendários dos vestibulares, a exemplo do que ocorreu em 2009.
Questionado se apenas a prova de sábado seria refeita, Haddad respondeu que "possivelmente sim, mas não necessariamente". "Vamos verificar se houve prejuízo por alguma outra ocorrência de alguém que no domingo tenha tido alguma dificuldade", afirmou. Os alunos identificados serão notificados por celular, e-mail e correio, disse o ministro.
Ele defendeu que o Enem seja aplicado mais de uma vez por ano, o que permitiria uma organização com "mais tranquilidade" e "menos atropelos" e afirmou que o tempo de validade do resultado do Enem poderá ser revisto, passando de um ano para dois anos.
Críticas
Uma das poucas vozes críticas a Haddad durante a audiência veio da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS). "Por que o senhor demorou 48 horas para se pronunciar, minimizou o problema e não assumiu a responsabilidade nem se dirigiu aos estudantes de imediato, nem pediu desculpas?", questionou. O ministro respondeu que em momento nenhum minimizou o direito de cada estudante inscrito. "Ao contrário, um único estudante [prejudicado] tem direito igual a todos os demais."
No primeiro dia de prova, parte dos exemplares saiu com folhas repetidas ou erradas. Nesses casos, os alunos não receberam todas as questões. Já no cabeçalho da folha de respostas recebida por todos os alunos, o espaço para o gabarito das questões de ciências da natureza estava incorretamente identificado como ciências humanas.
Segundo o ministro, ainda não é possível apontar responsáveis pelas falhas na montagem do cadernos amarelo das provas do Enem, uma vez que a sindicância interna do governo deve ser instalada esta semana para apurar os problemas. "No ano passado, ninguém no Inep se furtou a prestar os esclarecimentos devidos. E sabemos hoje que não houve nenhuma participação de servidor do Inep nas ocorrências do ano passado. Antes de sacrificar um servidor, temos de dar a ele o direito de defesa, ele se explica, ele eventualmente pode até ser punido, mas de acordo com o devido processo legal em que a defesa é admitida."