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Ensino superior

Enade não entra na conta

“Escolhi aqui porque a faculdade é perto de casa e é bem conceituada no exame da OAB”.
Dilberto Consentino Filho, 21 anos, aluno de Direito da Unibrasil | Fotos: Antonio More/Gazeta do Povo
“Escolhi aqui porque a faculdade é perto de casa e é bem conceituada no exame da OAB”. Dilberto Consentino Filho, 21 anos, aluno de Direito da Unibrasil (Foto: Fotos: Antonio More/Gazeta do Povo)

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Veja: procura por cursos reprovados aumentou nas faculdades privadas |

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Veja: procura por cursos reprovados aumentou nas faculdades privadas

Um estudo do Instituto Lobo, de São Paulo, revela que os resultados das faculdades particulares no Exame Nacional de Desempenho de Estudante (Enade), um dos componentes do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), não são levados em consideração pelos estudantes na hora de escolher a instituição que tentarão ingressar. Entre 2006 e 2008, mostra o levantamento, os cursos de Direito e Administração das faculdades particulares, que alcançaram conceito 1 e 2 no Enade 2006, tiveram aumento de 2% e 45%, respectivamente, na procura de candidatos. Os resultados mostrados no levantamento são rebatidos pelo Ministério da Educação (MEC). Um estudo feito pela pasta mostra o contrário: o porcentual de universitários matriculados em instituições de ensino superior com desempenho insatisfatório nas avaliações do Sinaes caiu, passando de 15,6% (ou 735 mil) para 14,5% (680 mil), entre 2008 e 2009. "O MEC considera que esse dado indica que os alunos passaram a se balizar pelos indicadores de qualidade" diz a nota enviada à redação.

De acordo com o presidente do Instituto Lobo, Roberto Leal Lobo, o método adotado pelo MEC não é tão confiável. "Certamente, o método adotado por nós, considerando resultados do Enade e candidatos, é mais confiável do que relacionar resultados do Enade com as matrículas no mesmo ano. A maioria dos estudantes matriculados em um determinado ano ingressou em períodos anteriores, portanto antes de conhecerem os resultados do Enade". Segundo o especialista, o estudo do MEC falha, ainda, em não separar as instituições públicas das privadas. "Os dois segmentos têm comportamentos muito diferentes. O setor público continua sempre crescendo e com boa qualidade. Quando tem de pagar, o estudante escolhe entre preço ou qualidade. E a preferência não é a nota do Enade, mas pelo curso mais barato."

Mesmo entre as privadas, o estudo do Instituto Lobo mostra diferenças. Enquanto nas particulares, que costumam ter mensalidades mais baixas, a procura, mesmo com desempenho insatisfatório no Enade, aumentou; nas privadas comunitárias, confessionais e filantrópicas, que costumam ter mensalidades mais caras, o número de alunos diminuiu. De acordo com o Instituto Lobo, essa modalidade de faculdades pagas, que engloba as Pontifícias Universi­dades Católicas (PUCs), por exemplo, investe em estrutura e professores com titulação alta, com isso, a tendência é que as mensalidades sejam mais caras.

Na balança

Estas conclusões jogam luz sobre os motivos que levam o estudante a escolher determinada instituição privada em detrimento de outra. Proximidade geográfica com residência e/ou trabalho e valor das mensalidades costumam pesar mais do que o resultado satisfatório no Enade, aponta o estudo. A qualidade do curso acaba entrando na conta sob outros parâmetros. Os comentários de conhecidos, o fato de o curso ser ou não reconhecido pelo MEC e, no caso de Direito, o grau de sucesso que os estudantes têm no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) são alguns dos pontos avaliados pelos estudantes.

"Eu nem conhecia o Enade antes de entrar na faculdade. Eu escolhi pela localização, preço e porque eu sei que é uma faculdade aprovada pelo MEC", conta Mário José da Costa Júnior, 19 anos, estudante do 3.º período de Direito da Unibrasil. "Escolhi aqui porque a faculdade é perto de casa e é bem conceituada no exame da OAB", afirma o colega de Costa Júnior, Dilberto Con­sentino Filho, 21 anos.

Avaliação do mercado é mais relevanteAs instituições de ensino superior de Curitiba mal avaliadas no Exame Nacional de Desempenho de Estudante (Enade) 2006 afirmam que o resultado da prova não costuma ser levado em consideração pelo estudante na hora de escolher o curso. "Os alunos não dão im­­portância", diz o diretor pedagógico da Uniandrade, Danilo Nel­son Vailati Filho. "Esse resultado é questionável. Nem sempre reflete a instituição", complementa Vailat, lembrando que o conceito é obtido a partir da avaliação de um grupo pequeno de alunos. O curso de Direito da Uniandrade alcançou conceito 2 no Enade 2006.

Segundo a coordenadora do curso de Direito da Unibrasil, Es­­tefânia Maria de Queiroz Barboza, os estudantes da instituição costumam fazer sua escolha baseada na titulação dos professores e nos bons resultados obtidos nos exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Temos muitos filhos de juízes, promotores. No meio jurídico, nosso curso é muito reconhecido e bem visto", diz. O curso de Direito da Unibrasil alcançou conceito 2 no Enade 2006.

O reconhecimento pelo mercado também é levado em consideração pelos estudantes de Admi­nistração da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), segundo a nota enviada pela instituição. "O curso de Administração da UTP tem muita aceitação e reconhecimento pelo mercado de trabalho. A em­­pregabilidade que o curso dá também é alta e isso é muito considerado pelo aluno na hora da escolha da instituição de ensino." O curso de Administração da UTP alcançou nota 2 no Enade 2006.

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