Após os números do ensino médio do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica 2011 (Ideb) apontarem para uma estagnação na qualidade da rede pública, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou que o governo pretende mudar a fórmula de cálculo para essa etapa. A ideia é já trabalhar com uma nova equação no Ideb 2013.

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O Ideb combina o resultado do desempenho dos estudantes em avaliações (Prova Brasil/ Saeb) com a taxa de aprovação. No caso do ensino médio, o MEC quer substituir a Prova Brasil/Saeb - aplicada para uma amostra de estudantes no ensino médio - pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O governo nega que pretenda maquiar os números com a troca.

A evolução do Ideb do ensino médio foi tímida - o índice saltou de 3,6 (Ideb 2009) para 3,7 (2011). Considerando apenas a rede estadual, o indicador nacional manteve-se estagnado em 3,4, sendo que no Distrito Federal e em nove Estados houve queda.

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"Quando falamos de uma amostra de 69 mil estudantes que fazem uma prova que não é decisiva na formação deles e a gente usa só esse indicador para avaliar a qualidade, colocamos a seguinte questão: vamos olhar o Enem, que o Enem é quase censitário. O Enem é determinante na vida do aluno. Uma coisa é fazer exercício da faculdade, outra coisa é disputar um exame", disse Mercadante, em coletiva a jornalistas.

A Prova Brasil/Saeb e o Enem são avaliações distintas, com itens e escalas próprios. Comparando a evolução do desempenho em matemática e português na Prova Brasil/Saeb, o desempenho dos estudantes ficou praticamente estável entre 2009 e 2011.

Já a nota dos alunos concluintes do ensino médio - de escolas públicas - saltou de 480,2 para 492,9 em matemática, do Enem 2010 para 2011 - a Teoria de Resposta ao Item (TRI) calibrou o grau de dificuldade dos dois últimos exames, permitindo a comparação. Em português, o desempenho foi de 490,6 para 503,7. "O Enem mostra que houve uma evolução muito positiva no aprendizado da matemática e do português", destacou Mercadante.

Para o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, o governo não está criando "uma saída para mascarar os números". "Temos desafios no ensino médio e pretendemos achar uma medida mais exata para enfrentá-los. A nota do Enem mostra uma outra tendência, mas não minimiza os problemas que temos. O sinal amarelo foi dado, qual caminho devemos seguir?"

Dentro de 60 dias, o Inep deverá entregar ao ministro um estudo técnico sobre a mudança de cálculo do Ideb e suas implicações. Uma das preocupações é não perder a série histórica projetada para os próximos anos - a meta do Ideb para 2021 é 5,2.

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