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Engenheiros cada vez mais gestores

Murillo Augusto Leôncio, 22 anos, é estudante de Engenharia Mecânica da UTFPR e está satisfeito com o curso | Priscila Forone / Gazeta do Povo
Murillo Augusto Leôncio, 22 anos, é estudante de Engenharia Mecânica da UTFPR e está satisfeito com o curso (Foto: Priscila Forone / Gazeta do Povo)

Engana-se quem pensa que um engenheiro vive envolto apenas por números e processos. Se a sua intenção é fugir das outras áreas do conhecimento e se dedicar apenas às Ciências Exatas é bom repensar. Os engenheiros estão cada vez mais "humanos" e assumindo vagas no mercado financeiro ou de gestão empresarial. "No Brasil, de cada sete engenheiros formados, dois trabalham diretamente em atividades de sua área de formação", conta Vanderli Fava de Oliveira, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Formação e Exercício Profissional em Engenharia (Nupenge) e diretor de Comunicação da Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge).

Nos últimos anos, afastada a crise e com as empresas voltando a crescer, houve um aumento gradual na demanda por engenheiros e hoje a empregabilidade desses profissionais é grande, independentemente da Engenharia cursada. No entanto, de acordo com Ricardo Haag, sócio-gerente da Asap, consultoria de recrutamento e seleção de executivos, além de conhecimentos técnicos, competências gerenciais, um segundo ou terceiro idioma e habilidades de relacionamento com diferentes áreas são fundamentais. "A visão do engenheiro mudou e a parte técnica não é mais tudo de que ele precisa. Ele deve estar alinhado com a estratégica da empresa, atrair e reter pessoas, habilidades que antigamente não eram trabalhadas. O profissional 100% técnico não tem mais espaço no mercado", afirma.

Essa ligação entre engenheiros e a gestão empresarial ganhou força nas últimas décadas, segundo o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-PR), o engenheiro agrônomo Álvaro Cabrini Junior.

Ele explica que houve um processo de canibalismo e muitos engenheiros passaram a trabalhar em outras áreas. "As pessoas que ficaram na Engenharia passaram a receber baixos salários. O engenheiro, que antes de tudo é um planejador, prosperou como empresário e deixou de ser puramente engenheiro", afirma. Para Vanderli Fava de Oliveira, o que torna o perfil do engenheiro atrativo para outras áreas é a natureza dos conhecimentos inerentes à Engenharia, como raciocínio lógico, facilidade de cálculos, visão sistêmica e a capacidade de relacionar diversas variáveis.

Formação

Existem mais de 200 nomes de Cursos de Engenharia diferentes no Brasil, o que levou o Ministério da Educação a iniciar um processo de revisão. A lista com os cursos definitivos, que até agora são pouco mais de 50, deve ser divulgada no segundo semestre.

Conheça a seguir um pouco mais sobre as modalidades de engenharia que mais detêm cursos, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep):

Engenharia Civil

É o ramo da engenharia que atua na concepção, projeto, administração, gerenciamento, operação e execução de sistemas e obras relacionadas à construção civil, à hidráulica e saneamento e aos transportes, de acordo com o coordenador do curso na Universidade Federal do Paraná (UFPR), Laertes Munhoz da Cunha.

Segundo ele, o engenheiro civil pode atuar como empresário, profissional autônomo, empregado de empresa pública ou privada, consultor, pesquisador, docente ou qualquer atividade relacionada à sua formação.

Engenharia Mecânica

A formação sólida deste, que é um dos mais antigos cursos no país, ocorre em ciências básicas, como Matemática, Física e Química, mas também abrange conhecimentos de informática, que servirá como ferramenta durante o curso e a atuação profissional.O engenheiro projeta e desenvolve a produção de equipamentos em geral, sejam específicos da engenharia mecânica ou carros, brinquedos e eletrodomésticos e também pode atuar na manutenção. Geralmente atua em contato com outros engenheiros, como os elétricos, químicos e de produção.

Engenharia de Produção

Uma ampla atuação é o que encontra o engenheiro de produção, segundo o professor do curso na UFPR Cassius Scarpin. "Trata-se de um mix entre a engenharia altamente técnica, química e elétrica, e administração", explica. O profissional não sai da universidade com as funcionalidades de um engenheiro químico, elétrico ou civil, por exemplo, e não vai ser um administrador de empresas, mas vai ser o viabilizador das operações na empresa. Segundo Scarpin, esse engenheiro pode atuar em toda empresa que tenha linha de produção, logística, análise da qualidade ou gestão empresarial.

Engenharia Elétrica

Podem ser destacadas cinco áreas de atuação do engenheiro eletricista, que tem o principal foco em sistemas de energia, estudando a energia elétrica e suas propriedades e o eletromagnetismo. O profissional também trabalha com eletrotécnica, automação e controle, sistemas industriais, computação e telecomunicações (rádio e tevê; e telefonia celular e fixa). Na UFPR, o aluno deve realizar um estágio em empresa da área eletroeletrônica, ou atuar em pesquisas nessa área.

Engenharia Ambiental

Este é um dos cursos que mais têm crescido nos últimos anos. Entre as funções está o estudo de acidentes naturais e o comportamento de fenômenos, como um derramamento de óleo no solo ou oceano, conforme conta o coordenador do curso da UFPR, Maurício Gobbi. "Além de atuar na área de pesquisa e de ensino, ele tem uma atuação forte em órgãos de fiscalização e monitoramento ambientais, ONGs, no setor de engenharia ambiental em grandes empresas e em empresas especializadas de engenharia ambiental que fazem estudos específicos para outras empresas, como construtoras ou empreiteiras", diz.

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