Agosto é o mês em que é dada a largada dos vestibulares de verão. É nesta época que começam as inscrições para as provas. Ao estudante, não basta definir o curso. Decidir a universidade aonde irá estudar requer reflexão sobre os fatores que têm maior ou menor peso na futura formação. Saiba o que levar em consideração e a importância de cada um deles para chegar à opção certa.
A dedicação e o envolvimento dos professores em pesquisas científicas são determinantes para a qualidade de uma universidade. Isso faz com que os docentes mantenham-se atualizados e entrem em contato com temas em destaque e novas técnicas um diferencial nas salas de aula. Mesmo que o estudante não pretenda investir na carreira de pesquisador, é importante saber se a instituição investe em pesquisa e incentiva seus professores a desenvolverem estudos e a publicarem artigos em revistas especializadas. Geralmente, essas informações estão no site do curso, em links denominados "pesquisa" ou "produção acadêmica".
Para quem quer seguir a carreira acadêmica depois de formado, ou mesmo durante a graduação, esse fator conta mais ainda. É preciso checar se a universidade tem programas de iniciação científica seja federal, como do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ou da própria instituição, como o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic). "É bacana também ver se há oferta de bolsas para os estudantes. isso é um dos sinais de investimento nos programas", diz o professor de Biologia e pesquisador da área de Humanas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Reginaldo Rodrigues da Costa.
Ter um diploma de uma instituição conceituada e reconhecida nacionalmente ainda agrega valor ao currículo na hora de conseguir uma boa colocação no mercado de trabalho. Para o diretor do Curso Positivo, Renato Ribas Vaz, a Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, que está entre as 100 melhores do mundo, tem muito mais chance de empregar um estudante recém-formado, ganhando até cinco vezes mais, do que as outras universidades.
"Ter um diploma desses na mão conta muito ainda, mesmo que exista em outros locais cursos tão bons quanto lá." Porém, a maioria dos professores de cursinho concorda que, infelizmente, os vestibulandos deixam esse critério de lado: para eles o que mais importa é ser aprovado, independentemente do status da instituição.
Felipe Rosa / Gazeta do Povo
Notas e avaliações não servem apenas para classificar alunos. Elas também são usadas por diversos órgãos do governo para medir o grau de qualidade de uma instituição. Antes de levar em consideração outros fatores, o ideal é entrar nos sites do Ministério da Educação (MEC) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Lá, cada faculdade e cada curso estão classificados por notas e conceitos que levam em conta o desempenho dos alunos, a qualificação dos professores e a estrutura.
Independentemente da avaliação, quanto maior a nota, melhor. Para o estudante Caio Hanai (foto), 20 anos, que cursou dois anos de engenharia e agora busca uma vaga em Medicina, as consultas às avaliações são constantes, principalmente porque ele prestará vestibular em pelo menos sete lugares e, se aprovado em mais de uma vez, é o critério que usará na decisão. "Quando fiz o meu primeiro vestibular e escolhi Engenharia, levei muito em conta o desempenho e os conceitos da universidade. Por isso optei pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, que tem ótimas notas", afirma.
Serviço: as avaliações e os credenciamentos de instituições e cursos superiores podem ser consultados nos portais do MEC (opção IES, instituições credenciadas) e do Inep (pelo link "planilhas para download").
Boa parte das faculdades e universidades mantém as portas abertas para que o vestibulando visite as suas instalações. A dica é aproveitar essa oportunidade e conhecer os laboratórios, principalmente para quem optar por cursos que os usam muito, como os das áreas de Saúde (Medicina, Farmácia, Odontologia) e Engenharias (Mecânica, Elétrica, Química, Civil).
Ambientes sucateados afetam o andamento das aulas e também a aprendizagem. Para o coordenador pedagógico do Curso Dom Bosco, Heliomar Rodrigues, quando o estudante vai decidir entre uma instituição pública com estrutura mais antiga e nem sempre conservada e uma particular com laboratórios novos , a tendência é de que, mesmo com a diferença, a primeira prevaleça, não só por ser gratuita como pelo nome e pelo status que essas instituições têm no país. No entanto, se a decisão for entre duas particulares, a estrutura deve ser um critério de desempate.
Embora seja cedo para se pensar em pós-graduação, dar uma olhada nos cursos de especialização, mestrado e doutorado que as universidades oferecem pode ajudar a planejar o futuro. Alguns especialistas acreditam que é importante decidir cedo qual o caminho a ser seguido depois da conquista do diploma, pois faz com que o estudante foque seus estudos na graduação, direcionando para o que realmente vai lhe interessar depois. Porém, a pós-graduação não precisa ser feita, necessariamente, na mesma universidade. "Não significa que o aluno não deve escolher um local só porque ele não tem um curso específico de pós-graduação. Até porque é bem comum que ele se gradue em um lugar e continue seus estudos em outro, até fora do país. Portanto, isso não deve ser decisivo", diz o diretor do Curso Positivo, Renato Ribas Vaz.
Para os que vão prestar vestibular fora da cidade onde vivem, a escolha da instituição pode vir com um peso a mais: os gastos de morar sozinho e a distância da família. No caso de cursos mais concorridos, como Medicina e Direito, é comum ser aprovado bem longe de casa. Nessa hora, é preciso colocar as contas na ponta do lápis e ver se a família poderá arcar com todas as despesas ou se o estudante precisará e poderá trabalhar para completar a renda.
O diretor do curso Acesso, Ivo Lessa Filho, conta que a dúvida entre pagar uma faculdade particular na mesma cidade ou se mudar para estudar em uma instituição pública é recorrente. Nesses casos, é importante pensar, antes de fazer o investimento, se a universidade mais distante vale a pena se é de boa qualidade, se a cidade oferece boas oportunidades de estágio e emprego e se compensará as despesas e as dificuldades que o aluno enfrentará ao ficar longe de casa, da família e dos amigos.
Fabiana Marquezini, 18 anos, é candidata a passar por esse dilema. Ela vai tentar uma vaga em Medicina em todas as instituições públicas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além das particulares de Curitiba, onde mora. "Minha mãe está disposta a me ajudar financeiramente aonde eu for. Por isso, o que levo em conta é se a cidade tem boa infraestrutura e bons hospitais onde eu possa fazer residência depois."
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