Curitiba e Ponta Grossa - De cada três cursos universitários avaliados pelo Ministério da Educação (MEC), um obteve resultado insatisfatório, o que indica baixa qualidade na graduação. Além disso, o Censo da Educação Superior de 2009, divulgado ontem, indica que houve queda de 2% nas matrículas em universidades públicas, ou seja, 29.089 alunos deixaram de ingressar em faculdade estatal em relação com o ano anterior. Entretanto, considerando todas as instituições inclusive particulares houve aumento de 2,5% no número de inscritos.
Ao todo, foram avaliados 6.804 cursos em 22 áreas de graduação. Em uma escala de 1 a 5, 34% obtiveram nota 1 ou 2, consideradas insatisfatórias. A qualidade do ensino oferecido é avaliada a partir da nota que os alunos tiveram no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), da titulação e do regime de trabalho do corpo docente e da infraestrutura oferecida. Diante dessa análise, 51% dos cursos tiraram nota 3 e foram considerados razoáveis. E apenas 15% das graduações foram avaliadas como boas.
Todos os cursos com nota inferior a 3 serão visitados por supervisores do MEC. A partir do diagnóstico, pode ser firmado um protocolo de compromissos com medidas para sanar as deficiências como redução das vagas e proibição de novos ingressos.
Para a vice-presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior e reitora da Universidade Tuiuti do Paraná, Carmen Luiza da Silva, o método de avaliação para o Índice Geral de Cursos (IGC), usado pelo MEC, peca ao deixar de fora a avaliação in loco pela comissão do MEC. "O conceito do curso não é levado em conta e isso é falho", critica. Ela argumenta que desta forma, muitas notas são prejudicadas quando boicotes são organizados pelos alunos que participam do Enade.
Matrículas
De acordo com o ministro da Educação, Fernando Haddad, a queda no total de matrículas em universidades públicas tem ligação com uma mudança metodológica do censo. "É preciso verificar universidade por universidade. Havia uma inflação de matrículas. Detectamos várias universidades que informavam no censo alunos que tinham trancado matrícula ou já tinham deixado a instituição", justificou.
A queda ocorreu essencialmente nas universidades estaduais e municipais. Nas federais, entretanto, houve um crescimento de 20% no total de matrículas de 2008 para 2009. Nos estabelecimentos privados, o aumento foi de 4%.
Paraná
No Paraná, o total de matrículas caiu 21%. Apesar do aumento do número de instituições privadas de 156, em 2008, para 164, em 2009 o número de matrículas reduziu 29,7%. Na avaliação de Carmen Luiza, três fatores causaram esta redução: soma-se ao aumento das vagas em universidades federais, o custo das mensalidades e o não ingresso de pessoas no ensino superior.
O Paraná vai na contramão do cenário nacional com relação às matrículas em universidades estaduais. Enquanto o país teve queda de 20,2%, o estado registrou aumento de 1,9%. Já as universidades federais do Paraná registraram aumento de 26% no número de alunos, maior que a média nacional. Para o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Zaki Akel Sobrinho, o Programa Reuni, do MEC, é um dos principais responsáveis pelo incremento no número de alunos.